F1: Mercedes em pé de guerra

28/11/2016

A tentativa de Lewis Hamilton criar condições para poder chegar ao título mundial deixou os responsáveis da Mercedes completamente em pé de guerra e a sua atitude pode voltar-se contra si.

O tricampeão do Mundo de F1 desafiou as ordens que lhe vinham do muro das boxes, e, na frente da corrida, reduziu o ritmo de modo a que os pilotos atrás de Nico Rosberg, que era segundo classificado, se pudessem aproximar dele e dessa forma passá-lo, o que Hamilton precisava para ainda poder aspirar a ser Campeão. Paddy Lowe e Toto Wolff já mostraram o seu desagrado com a situação, que era pouco menos que inevitável, pois a Mercedes não pode ser ingénua ao ponto de achar que o inglês não iria explorar ao máximo as suas hipóteses de ser Campeão.

Mas final o que aconteceu?

Nico Rosberg partiu para esta corrida com 12 pontos de avanço, e para Lewis Hamilton chegar ao título, precisava de dois carros entre o seu lugar de líder, que conseguiu e Rosberg, que não poderia ficar no pódio. Por isso, Hamilton, que não tinha controlo sobre o que Rosberg pudesse fazer, foi mantendo o mais possível o pelotão da frente junto, pois com carros perto de Rosberg, as possibilidades deste ser passado existiam sempre, e se durante a corrida a margem de Rosberg para os seus perseguidores variou bastante, já mais para o final, Hamilton reduziu declaradamente o andamento e permitiu a Vettel e Verstappen chegarem aos ‘escapes’ do Meercedes Nº6.

E foi aqui que os responsáveis da Mercedes instruíram Hamilton a aumentar o ritmo, pois o que ele estava a fazer era criar condições para a Mercedes, eventualmente, perder a corrida. Isto era o ponto de vista de Toto Wolff e Paddy Lowe, mas Hamilton teve sempre tudo debaixo de controlo, e isso só deixaria de estar caso Vettel passasse Rosberg, pois aí o triunfo da Mercedes ficava mesmo em xeque, pois com o DRS, não era muito difícil Vettel passar também Hamilton. Só que a corrida chegou ao fim. Vettel revelou no final que nem sequer conseguiu passar Rosberg porque este também aproveitava bem o ‘reboque’ de Hamilton e abria o DRS.

Agora, os homens da Mercedes estão “pior que estragados” com Hamilton, já se fala em castigo exemplar ou mesmo despedi-lo, mas agora resta perceber o que vai acontecer. O que sucedeu acaba por ser natural, ainda mais quando se está a lutar por um título mundial. A equipa está a tentar fazer perceber que está acima do piloto, mas este ‘desafiou’ a própria equipa. O que vai acontecer ainda não sabemos, mas admite-se que vai haver confusão…

O que Hamilton conseguiu com o que fez foi dar muita emoção às voltas finais pois a qualquer momento as coisas poderiam ter mudado. Tentou utilizar as poucas armas que ainda tinha. Se recuarmos no tempo, no passado, já vimos muitos pilotos utilizarem armas bem piores para levarem água ao seu moinho, por exemplo Michael Schumacher em 1994 na Austrália, o mesmo alemão, três anos depois tentou fazer algo semelhante a Jacques Villeneuve, mas dessa feita não teve sucesso. Há dias publicámos aqui um artigo em que mostrámos todas as confusões que já existiram entre Nico Rosberg e Lewis Hamilton CLIQUE AQUI  algumas bem piores do que Hamilton fez agora.

Nico Rosberg foi Campeão merecidamente, Lewis Hamilton fez tudo o que podia para o evitar, sem exagerar, e agora vem a Mercedes querer sobrepor-se a tudo o resto? Certo, são os ‘donos’, mas julgo que talvez fosse mais prudente para eles que deixassem as luzes da ribalta para Nico Rosberg e nada fazerem agora para direcionar as atenções para outro lado que não a festa do título do alemão.

José Luis Abreu / Autosport