A Irlanda pode tornar-se no primeiro país do mundo a abolir por completo o investimento público em fontes de energia fósseis, tendo já sido dado um passo importante nesse sentido. 

Foi aprovado no parlamento irlandês – com uma votação de 90 contra 53 – um decreto que prevê a abolição de investimentos públicos em empresas ou ações assentes em combustíveis fósseis como o carvão ou petróleo.

A proposta foi apresentada pelo deputado Thomas Pringle, com o parlamento a votar favoravelmente na sua maioria para o desinvestimento em fontes poluentes, abrindo-se assim caminho para obrigar a agência pública do tesouro da Irlanda, que gere os cerca de oito mil milhões de euros do Fundo de Investimento Estratégico do país, a deixar de investir naquela área de negócio.

Um dos efeitos seria a venda das posições estatais de fundo em empresas petrolíferas num prazo de cinco anos. Neste cenário, a Irlanda poderá ser o primeiro país do mundo a optar pela rejeição total do investimento em produtos ecologicamente prejudiciais.

A lei ainda não foi aprovada pela comissão financeira da Irlanda, mas caso passe à prática, tornará a Irlanda especialmente vocacionada para energias sustentáveis, conforme adiantou Pringle, que evocou o princípio do “financiamento ético” como um sinal para “as corporações globais de que a sua manipulação contínua da ciência relacionada com o clima, negação da existência das alterações climáticas e o seu lóbi sobre políticos em todo o mundo já não é mais tolerada”.

Outro país a envidar esforços no desinvestimento da indústria do petróleo é a Noruega, embora apenas de forma parcial, surgindo essa medida a par de uma desejada redução de veículos com motor de combustão interna nas estradas. No ano passado, chegou-se a adiantar a possibilidade de o país abolir a venda de automóveis com motores de combustão interna já em 2025, mas o que está garantido por parte das autoridades locais é, por enquanto, a redução de veículos com motorizações convencionais nas estradas.