Mercedes-AMG GLC Coupé 43: Até o argumentista de Hollywood gostou!

17/08/2017

Estando os SUV na moda, não é de estranhar que as marcas comecem também a lançar vertentes desportivas neste formato que, à partida, parece tão pouco adaptável a quem gosta de andar depressa.

Apercebendo-se do autêntico filão de sucesso que a junção entre desportividade e modelos de estilo crossover pode proporcionar, a Mercedes-AMG (submarca criada para fazer disparar a adrenalina dos condutores) aplicou o seu ‘tratamento’ ao GLC Coupé para aquela que é uma interpretação mais radical deste bem sucedido e esguio SUV coupé. E que belo foi o resultado. Tanto que até o argumentista de Hollywood gostou… Mas já lá iremos.

Num bom equilíbrio entre discrição e exuberância, o design deste GLC Coupé AMG 43 coloca em destaque os pontos fortes deste SUV, nomeadamente, a imponência no asfalto que é sublimada pelas jantes de 21 polegadas (opcionais e com pneus de medidas diferentes nos dois eixos – 255/40 ZR21 à frente e 285/35 ZR21 atrás) e pela silhueta muito fluida, com destaque para toda a secção traseira, uma vez que do pilar B para trás existe uma linha muito suave do tejadilho que se vai encontrar com a da tampa da bagageira. Um encontro de essências muito interessante visualmente, até porque o kit estético AMG lhe confere uma aura que o impede de passar despercebido onde quer que passe.

A pintura metalizada Branco Diamond (que se pode ver na primeira foto da galeria) dá uma ajuda preciosa neste aspeto, mas é um daqueles elementos opcionais com custo ‘arrojado’ – 1.850 euros. A construção é referencial a todos os níveis, com um toque de classe concedido pelo tablier em pele com pespontos a vermelho, a mesma cor que é aplicada nos cintos de segurança. A consola central com aplicação em carbono e o volante específico com pega em Alcantara dão um toque ‘desportivo’ único.

A visibilidade posterior proporcionada pelo óculo traseiro é algo limitada, uma vez que o mesmo é estreito e redondo na parte superior, o que ‘rouba’ ainda um pouco mais do campo de visão para trás. No entanto, os sensores de estacionamento são uma ajuda preciosa, até porque este GLC Coupé é comprido e largo (4.727 mm x 1.930 mm), enquanto a distância entre eixos de 2.873 mm permite um interior desafogado, mesmo para adultos de maior estatura. Quatro adultos viajam com espaço e tranquilidade neste SUV desportivo, enquanto a bagageira oferece um valor positivo de 560 litros de capacidade.

Essência desportiva

Mas é ao volante que se revela o seu carácter mais impulsivo, graças ao motor V6 bi-turbo de 3.0 litros com 367 CV de potência e 520 Nm de binário, que lhe permite acelerar dos 0 aos 100 km/h em balísticos 4,9 segundos, mostrando veia de ‘sprinter’ com fôlego inesgotável e vozeirão bem audível. Uma obra-de-arte oriunda de Affalterbach que torna este modelo num desportivo de corpo inteiro, com acelerações possantes e recuperações perfeitamente desembaraçadas que são auxiliadas pelo exímio aproveitamento dos 520 Nm de binário disponível.

Embora tenha tração integral 4Matic, a preferência na entrega da potência é dada ao eixo traseiro (55/45) para comportamento mais excitante, o que alcança graças à conjunção da suspensão adaptativa pneumática (Air Body Control), direção super-precisa e caixa de nove velocidades (9G-Tronic) de atuação sem mácula (com passagens sequenciais a partir das patilhas atrás do volante), tanto em andamento rápido, como em rondas ‘domingueiras’. O rolamento da carroçaria é praticamente nulo, tratando de oferecer um dinamismo de excelência que, mesmo que algo penalizador para o conforto dos ocupantes, está longe de ser um óbice para viagens em família. Isto porque a suspensão mantém um nível aceitável de refinamento, havendo igualmente um botão para regular a altura ao solo

Com modos de condução que ‘mexem’ com diversos aspetos – desde a resposta do motor e caixa ao tipo de amortecimento –, este AMG GLC Coupé está à vontade essencialmente no asfalto, já que as jantes de grandes dimensões e a menor altura ao solo não aconselham a grandes aventuras por maus caminhos. Mas essa é uma apreciação que não é exclusiva deste AMG, podendo ser aplicada a muitos dos outros modelos do mesmo estilo, que de aventureiros têm apenas a maior altura ao solo e proteções inferiores. De qualquer forma, quem é que quererá um desportivo com 367 CV de potência e jantes de 19 polegadas (de série) para fazer trilhos de terra batida?

Contudo, há uma contrapartida para tudo isto, que surge na forma dos consumos (8,4 l/100 km oficialmente, 12,3 l/100 km no teste): o pé pesado leva-nos mais vezes do que certamente desejaríamos à bomba de combustível, mas não é algo que esteja presente na nossa mente quando pressionamos o acelerador. Para (tentar…) conter os consumos, este Mercedes-AMG dispõe de função ‘roda-livre’ no modo ECO, cortando a injeção de combustível para o motor.

Por fim, o preço: a marca propõe este modelo a partir dos 87.550 euros, a que se juntam os extras, que facilmente colocam a fasquia acima dos 100.000 euros, com a versão ensaiada a situar-se nos 105.704 euros, incluindo a pintura metalizada branco Diamond mate (1.850 euros), teto de abrir (1.300 euros), Comand Online (2.500 euros), Luzes inteligentes LED (850 euros), Sistema de som Burmester (950 euros), Pack Espelhos para rebatimento automático e função antiencandeamento (550 euros) e assistente de estacionamento Pack Parking com ajuda Parktronic e câmara 360° (1.300 euros), entre outros.

Veredicto

Este Mercedes-AMG tem uma personalidade muito específica, oferecendo dinamismo capaz de impressionar e um motor V6 bi-turbo que conjuga prestações fortes e entusiasmantes com uma sonoridade rouca que não esconde ao que vai. Envolto num estilo verdadeiramente requintado, sublinhado pelos detalhes desta versão AMG, o seu dinamismo surpreende. Mas apenas em estrada. Fora dela, cuidados mil graças à altura reduzida ao solo, às jantes de grandes dimensões e aos para-choques desportivos. Intensificador de emoções, este GLC 43 4Matic é uma proposta forte e quase única no seu segmento, que vale bem o seu preço. Cautela apenas com o custo de alguns dos opcionais.


Aprovação americana

Não serão muitos os que poderão gabar-se de terem servido de anfitriões e de guias turísticos a um conhecido argumentista americano, mas esse foi o caso deste AMG GLC Coupé e do escriba de ‘serviço’. Aproveitando uma pausa nas suas viagens entre Estados Unidos e China – encontrando-se a trabalhar no seu próximo projeto – Steven Long Mitchell, mentor da série ‘The Pretender’ (que passou na televisão portuguesa entre o final da década de 1990 e início da de 2000), fez uma visita de alguns dias por Portugal, preferindo uma pacata casa na região da Amadora a um qualquer hotel dispendioso e repleto de luxos. Foi dessa forma que aproveitou para ficar a conhecer um pouco mais da realidade e da história lusitana.

Mas também foi assim que travou conhecimento com este SUV desportivo. Primeiro, houve que explicar que este era um AMG, ou seja, um Mercedes-Benz com ‘esteroides’ dinâmicos. Mitchell aprovou. Depois, habituado a grandes máquinas americanas – como bom cidadão daquele país, conduz uma pick-up de mais de cinco metros -, mostrou-se surpreendido com o espaço interior: com uma altura em redor do 1,90 m, conseguia cruzar as pernas no banco traseiro. Mais uns pontos para o GLC Coupé.

A rapidez também foi destacada, mas foi preciso também responder à curiosidade do que eram as “coisinhas” atrás do volante em que o condutor (eu) estava sempre a mexer: “são as patilhas da caixa de velocidades, a da direita sobe uma, a da esquerda reduz uma”. A resposta foi um seco ‘okay…’. Bem mais interessante terá sido a conjunção de elegância e de velocidade que este SUV conseguia oferecer, mas não houve forma de testar as suas competências dinâmicas na serra de Sintra quando se subia rumo à Pena para aquela que seria mais uma parte do ‘roteiro’ turístico. “O Steve enjoa no banco de trás quando se anda muito depressa em curvas”, alertou-nos a sua esposa, colocando cobro a qualquer intento que houvesse por parte do condutor, mesmo antes de começar…

Após um fim de semana com este AMG, mesmo sem nunca ter conduzido, o cidadão americano parece ter ficado convencido que este era um carro muito ‘à maneira’. “Gosto disto”, proferiu, acenando positivamente com a cabeça, compulsivamente adornada com um qualquer boné (o argumentista é colecionador dos mesmos e ainda levou uns quantos na bagagem de regresso para os EUA…). Menos convencida ficou a sua esposa que, também acostumada à grande Ford F-150 do marido, mas sem ligar muito a carros, ficou fascinada com os ‘little cars‘ que temos na Europa: “Também há daqueles carros, os smart, na América?”. Fica tudo em família (Daimler)…

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