Porsche Cayenne S Híbrido: Um dos melhores híbridos

22/08/2017

A mobilidade elétrica passa pela tecnologia híbrida. O Porsche Cayenne S E-Hybrid é um dos melhores exemplos, ao assumir-se como a versão mais barata e eficiente de toda a gama.

Se a produção de um SUV como o Cayenne foi uma surpresa e também um sacrilégio para os amantes da marca alemã, a utilização da tecnologia híbrida não constitui uma surpresa para a Porsche se pensarmos que já em 1902 Ferninand Porsche apresentou na exposição automóvel de Paris um modelo rudimentar com essas caraterísticas.

Não admira que hoje essa solução seja transversal ao vasto portfólio da Porsche, ao mesmo tempo que foi graças ao Cayenne que a marca recuperou de um período difícil e muito dependente de um só modelo, o 911. Esta opção híbrida veio enriquecer a discussão sobre qual a melhor solução: hibrido ou diesel? Neste caso aquilo que podemos dizer é que a potência especifica e o consumo específico do Cayenne híbrido alcança melhores resultados ao mesmo tempo que contribui para reduzir significativamente a média das emissões, um requisito que para a Porsche é um dado muito importante.

Neste caso as emissões homologadas não ultrapassam os 79 g/km de CO2. É um valor que envergonha os carros convencionais mais pequenos que estão longe de alcançar essa meta.

O habitáculo é espaçoso e super acolhedor devido ao requinte dos materiais e dos acabamentos. Embora grande parte do equipamento seja pago à parte (opcional), o posto de condução mais parece um cockpit de avião, tantos são os botões e as informações dadas por uma instrumentação que combina o analógico com o digital.

O eleito dos executivos

A tranquilidade a bordo é outra boa surpresa desta versão mais ecológica e, se no modo elétrico o silêncio é quase total, no modo misto (híbrido) os decibéis não sobem assim tanto no mostrador do sonómetro. Embora a versão diesel não seja muito barulhenta, a diferença não deixa de ser um aspeto a favor da versão híbrida. Mas o ponto que mais favorece este hibrido em relação ao diesel é a diferença de preço, a ultrapassar os 5000 euros! Ao fazer o “break even” a vantagem do híbrido é clara.

Não sendo o carro ideal do ponto de vistas das frotas, fica bem a muitos executivos exibirem a sua responsabilidade social do ponto de vista ambiental, daí que muitos desses clientes prefiram escolher esta versão em detrimento das versões mais convencionais. É também graças a estes ingredientes que o IUC se situa num patamar inferior à maioria dos concorrentes.

Comportamento equilibrado

Para além de fazer inveja aos diesel mais potentes, os 416 CV de potência combinada competem com os 420 CV do novo V6 biturbo estreado no Porsche Macan. O maior problema desta versão híbrida é o seu peso e a influência que este tem na maior transferência de massa quando o desafiamos para andar por troços de estrada com mais curvas. Daí que um dos pontos negativos desta versão mais ecológica seja o peso correspondente às baterias, embora estas estejam colocadas estrategicamente para contrabalançar o peso entre os dois eixos.

A amplitude das trajetórias do S E-Hybrid quando comparada com um Cayenne normal é, por essa circunstância, naturalmente maior. Não fosse o sistema de tração total permanente, composto por um diferencial central Torsen que faz uma repartição 40/60 e a vetorização de binário e a diferença tornava-se mais evidente. Esta última mais não é do que uma função específica do sistema ESP, que intervém sobre a trajetória, evitando que ela se alargue muito. Esta ajuda, que intervém sem que nos apercebamos, trava a roda traseira interior canalizando dessa maneira a força do motor para a roda exterior na tentativa de definir a melhor trajetória. Ao mesmo tempo, o diferencial traseiro reparte a força do motor pelas duas rodas quando deteta que a aderência entre elas não é igual.

Este jogo permite que tenhamos o Cayenne sempre controlado, enquanto a suspensão pneumática (uma opção) e o amortecimento variável imprimem um conforto muito grande, qualquer que seja o cenário escolhido. Sentimos sempre elevado bem estar dentro do habitáculo, seja fora de estrada, onde o Cayenne demonstrou fazer quase tudo o que nos vier à cabeça graças aos bons ângulos de entrada, saída e ventral, seja na cidade, onde o piso é normalmente mais irregular.

Boa autonomia

Neste caso, a função Plug in permite uma autonomia elétrica maior. Esta depende não só da capacidade de armazenamento da bateria como do estilo de condução e das condições de utilização. Em média, é possível atingir 40 a 45 quilómetros de autonomia, um valor que permite um consumo combinado da ordem dos 3,4 l/100 km, nos primeiros 100 km, porque depois disso a média sobe para os 8,8 l/100 km com picos que chegam aos 10 l/100 km na cidade.

Mesmo assim este é um valor relativamente baixo se considerarmos que a potência combinada chega aos 416 CV e que o binário pode ir até aos 700 Nm. Este cocktail não só garante excelentes prestações como faz inveja aos diesel mais potentes.

Além de uma maior capacidade para armazenar a energia produzida durante as travagens ou desacelerações, a bateria pode ser carregada em andamento (numa tomada de 16 ampéres demora entre 3h e 3h30 a carregar), bastando para isso escolher o modo e-charge. Neste caso o motor elétrico funciona como gerador, usando a energia do motor V6 a gasolina. Sendo uma forma prática de carregar a bateria, não é a forma mais eficiente, razão pela qual há marcas que estão a abandonar esta ideia. Mesmo assim a nossa experiência demonstrou mais uma vez que o consumo de gasolina não cresce assim tanto se o fizermos em autoestrada a uma velocidade estabilizada correspondente a um regime próximo do binário máximo. Durante o nosso teste, o aumento do consumo não foi além de 0,5l/100 km, ficando a bateria carregada em pouco mais de 40 quilómetros, podendo essa energia ficar guardada, para ser usada na cidade, onde faz mais sentido tirar partido da mobilidade elétrica.

Como já acontece com a maioria dos carros elétricos, uma aplicação que podemos instalar em qualquer smartphone permite-nos monitorizar a partir do telemóvel a carga da bateria.

VEREDICTO

Muitos desconhecem que a Porsche é uma das marcas pioneiras da tecnologia híbrida. Não que o atual sistema tenha alguma coisa a ver com o de 1905, porque o grau de sofisticação é muito maior. Ele é um dos mais eficientes daí os resultados como os consumos e as emissões.

TEXTO: MARCO ANTÓNIO / FOTOGRAFIA: JOSÉ BISPO

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