A marca sueca tem em marcha um plano acelerado de eletrificação e a motorização T8 é sintomática desse mesmo desejo. O conceito é básico e por esta altura bem conhecido. Alia-se um motor a gasolina de dois litros e quatro cilindros em linha de 320 CV (no eixo dianteiro) a um motor elétrico no eixo traseiro e tem-se uma receita ‘dois em um’: por um lado, prestações desportivas e, por outro, baixas emissões quando é apenas o motor elétrico de 88 CV/65 kW a assumir as despesas da locomoção.
Outra benesse deste esquema é a possibilidade de contar com tração integral (AWD), em virtude do funcionamento em consonância dos dois motores.
No total, são 390 CV de potência combinada, mais do que suficiente para dar ‘alma’ a este S90 e para respostas intensas quando tal é necessário. Em modo ‘Dynamic’, que é o termo que a marca designou para o seu modo desportivo de condução, impressiona o impulso sentido pela aliança propulsora. Rapidez comprovada pelos avassaladores 5,1 segundos que demora a acelerar dos zero aos 100 km/h, com o binário do motor elétrico 240 Nm a emprestar maior vigor a um modelo que não é ligeiro. Longe disso. De acordo com os dados da Volvo, o peso deste S90 híbrido Plug-in supera as duas toneladas, mas isso não é característica que se sinta ao volante.
A motorização está associada a uma caixa automática de oito velocidades (Geartronic), que é veloz e eficiente nas suas funções, embora não exista possibilidade de acionamento sequencial. O que existe é um modo B de regeneração de energia, que acentua a intensidade da regeneração de energia (B). O manuseamento da caixa obriga a algum foco: passar de marcha-atrás (R) para a posição de condução (D) exige duplo movimento na alavanca da caixa para a frente ou para trás. Mas, por vezes, como é no meio que está a virtude (ou não, neste caso), em manobras que se pretendem rápidas ‘acerta-se’ muitas vezes na posição ‘N’ (neutra) para aceleração ‘em seco’…
Vale a pena dar cargaPor defeito, ativa-se o modo de condução Hybrid, que faz a avaliação contínua de qual o motor mais adequado em cada momento, fazendo a gestão de ambos para maior eficiência. Quando possível, dá primazia ao motor elétrico, mas os dois funcionam em conjunto para se adequar ao desejo do condutor.
Quando se quer ser suave e ecológico, é preferível utilizar o modo ‘Pure’, que atribui ao motor elétrico toda a responsabilidade de movimentação, com uma autonomia de zero emissões que ronda os 35 e os 40 quilómetros, exigindo-se alguma contenção na intensidade com que se pressiona o pedal do acelerador para não esgotar a bateria de iões de lítio de 9.2 kWh mais rapidamente. Cumprir esses cerca de 40 quilómetros em modo elétrico é tarefa exequível, jogando também com os percursos para maior suavidade do acelerador.
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Mas os 2,0 l/100 km de média anunciada são tarefa difícil… se não se carregar de forma frequente. Mas isso é condição inerente a esta fórmula Plug-in, que exige ligação à tomada de forma frequente para se obterem baixos consumos. Caso não o faça, o proprietário irá ter consumos por cada 100 km a rondar os sete litros de média. No nosso caso, em 100 quilómetros feitos com 60% de cidade e os restantes 40% em nacionais e autoestradas a ritmos legais, obtivemos 6,9 l/100 km. Se o tivéssemos ligado à tomada no final dos primeiros 40 quilómetros, teríamos mais autonomia elétrica e consumo mais baixo. Naturalmente.

Como já atrás foi referido, o S90 não é leve, mas de forma surpreendente, é ágil e consegue oferecer ótima estabilidade em curva, algo que a boa distribuição de pesos também ajuda. Não é um desportivo – a isso também não almeja -, mas cumpre com a sua maior tónica de atletismo, sem colocar em causa o conforto geral, elevado na maioria das situações até com jantes de 19 polegadas. A aura desportiva é acentuada pelo nível de equipamento R-Design, que confere musculatura e robustez a esta berlina, que também não faz por menos quando o tema é requinte.
O interior é faustoso, com ótimos acabamentos e materiais irrepreensíveis, o que já é típico da Volvo, o mesmo se podendo aplicar ao sistema de infoentretenimento com ecrã central diagonal e funcionamento intuitivo e muito simples, pecando apenas pela colocação de alguns comandos em modo tátil, como é o caso da climatização ou do comando ‘Hold’ (para guardar a carga da bateria para mais tarde), este último numa página deslizável como se fosse num smartphone. Espaço também é algo que não falta, sobretudo para quem viaja atrás, com bastante amplitude para as pernas e em altura, sendo também elogiável pela capacidade da bagageira de 500 litros (ainda que o acesso seja exíguo).
O preço pedido por esta berlina sueca de elevada eficiência é de 72.441€, o que se justifica atendendo ao conteúdo requintado e às prestações conferidas pela mecânica de 390 CV em aliança à possibilidade de rodar em emissões zero. Os opcionais existentes são muitos e de custo que requer atenção na hora de configurar o modelo. A unidade ensaiada tinha um custo de 80.000 euros.
VEREDICTO
Mas, quando unidos no esforço comum de mover o S90, os 390 CV são intempestivos, fazendo esquecer o peso geral deste modelo de alto requinte. E é também por aí que este Volvo ganha muitos pontos. Solidamente construído, fácil de conduzir e ágil q.b. na condução urbana ou em estradas sinuosas, o S90 T8 PHEV oferece uma condução agradável a quem vai ao volante, mas também uma viagem tranquila aos demais passageiros.
A solução Plug-in é uma mais-valia para quem tem facilidade em carregar o veículo nas tomadas domésticas (dura cerca de seis horas nesse processo), sendo por aí que também exibe mais valor de destaque. Termine-se com uma pergunta retórica: quantos modelos com esta qualidade e mais de 400 CV é que se conseguem comprar com 72 mil euros? Não muitos, certamente, sobretudo quando se podem obter ainda custos de utilização reduzidos se se carregar frequentemente na rede elétrica.
FICHA TÉCNICA
Volvo S90 T8 PHEV R-DESIGN Geartronic
Motor térmico: Gasolina, 4 cilindros em linha, injeção direta, turbo+intercooler
Cilindrada: 1969 cm3
Potência: 320 CV às 5700 rpm
Binário máximo: 400 Nm às 2200-5400 rpm
Motor elétrico
Potência: 88 CV/65 kW às 7000 rpm
Binário: 240 Nm
Bateria: Iões de lítio, localização central, 9.2 kWh
Potência combinada: 390 CV
Binário combinado: 640 Nm
Suspensão Dianteira: MacPherson, independente, barra estabilizadora
Suspensão Traseira: Independente, barra estabilizadora
Tração: Integral (AWD)
Caixa: Automática de oito velocidades (Geartronic)
Aceleração (0-100 km/h): 5,1 segundos
Velocidade máxima: 250 km/h
Consumo médio anunciado (medido): 2,0 l/100 km (6,9 l/100 km)
Emissões de CO2: 48 g/km
Peso: 2150 kg
Bagageira: 500 litros
Comprimento/Largura/Altura (mm): 4963/1879/1443
Distância entre eixos (mm): 2941
Pneus: 255/40 R19
Preço base (ensaiado): 72.441€ (80.001€)
MAIS: CONFORTO DE MARCHA, REQUINTE, ESTILO, PRESTAÇÕES, SENSAÇÃO DE SEGURANÇA, QUALIDADE GERAL E HABITÁCULO.MENOS: Acessibilidade à bagageira; visibilidade pelo pilar a; AUSÊNCIA DE MODO MANUAL PARA TROCA DE MUDANÇAS.
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