A Ferrari mantém a sua posição quanto aos SUV: interditos na gama. A marca italiana mantém-se como uma das poucas a nível mundial a resistir aos apelos comerciais daquele tipo de carroçaria e volta a reafirmar pela voz do seu presidente, Sergio Marchionne, que os SUV não fazem parte do legado da Ferrari.

É um dos segmentos que mais tem crescido a nível mundial, sobretudo nas três principais regiões em termos de mercado – China, América do Norte e Europa -, sendo cada vez mais as marcas automóveis que criam no seu portefólio um espaço para aquele tipo de veículo.

Exemplos disso são duas das tradicionais rivais da marca de Maranello, a Aston Martin e a Lamborghini, que se preparam para lançar até ao final da década os seus novos representantes desportivos, o DBX e o Urus, respetivamente. Esses juntar-se-ão a modelos já em comercialização por parte da Jaguar (F-Pace), Maserati (Levante), Bentley (Bentayga) e Porsche (Cayenne), entre outros.

Contudo, a Ferrari quer manter o seu estatuto de marca de desportivos ‘puros e duros’, conforme adiantou Marchionne em declarações prestadas após a divulgação dos resultados comerciais da companhia de Maranello.

“Existem oportunidades que estamos a explorar em termos de lançamentos de produtos que possam ser vendidos ao lado da nossa gama tradicional de carros, complementando a oferta da Ferrari, mas que não sejam ofensivas ao se oporem a alguns dos nossos caminhos históricos, um dos quais é o facto de nunca termos produzido um SUV”, começou por dizer o CEO italiano, citado na Business Insider.

“Continuamos a sofrer uma pressão impressionante do exterior para a produção de um, porque toda a gente sabe que se a Ferrari produzisse um SUV iria vendê-lo. Isso talvez seja verdade. Tenho dificuldades em imaginar um carro que possa ser vendido pela Ferrari e que não tenha a dinâmica de condução de um dos nossos carros de passageiros. Assim… temos de ser suficientemente disciplinados para não adulterar a marca e levá-la por caminhos em que nunca esteve e em que o seu ADN seja efetivamente obliterado pelos requisitos técnicos do carro”, afiançou Marchionne.

Recorde financeiro

Por outro lado, mesmo sem SUV, a Ferrari continua a bater recordes em termos financeiros. A marca de Maranello revelou os seus resultados comerciais do último trimestre do ano passado e bateu as expectativas dos analistas com uma melhoria de 38% nos lucros ilíquidos face a igual período de 2015.

No cômputo do ano, note-se, a melhoria nesse campo (antes de impostos e amortizações) foi de 18%, algo que foi muito ajudado pela subida nas vendas de novos automóveis – na ordem dos 5% -, correspondendo a um lucro total de 2.180 milhões de euros, apenas na vertente das vendas de carros.