Novo Volvo XC60: Requinte e tecnologia para conquistar a Europa

25/05/2017

Se alguém quiser saber como é que se mantém um automóvel durante quase uma década à venda nos concessionários sem grandes mudanças e com sucesso, o melhor é perguntar à Volvo. Para os mais incautos, a geração original do XC60 foi lançada há cerca de nove anos (em 2008), sendo basicamente o mesmo modelo que até aqui se encontrava nos concessionários da marca escandinava, não obstante naturais atualizações técnicas e tecnológicas. Tudo muda agora.

O passo seguinte chegará este verão aos concessionários, com a Volvo a procurar dar continuidade ao sucesso que o XC60 original angariou desde que foi lançado há nove anos. Graças a ligeiras atualizações, o SUV Premium sueco conseguiu manter-se num patamar de destaque e ‘bater o pé’ às marcas alemãs, com as quais rivalizou de forma feroz. Um feito de que a Volvo muito se orgulha, até porque o XC60 é um autêntico ‘best-seller’, representando cerca de 30% das vendas totais da marca.

Neste contexto, percebe-se que o processo de substituição do XC60 teve de ser feito com muito cuidado para não prejudicar aqueles que eram os seus pontos fortes ou criar novos pontos fracos. A forma mais simples de o conseguir foi olhar para o que já está feito. Nomeadamente, com a plataforma modular SPA, a mesma que deu origem aos modelos da Série 90 – XC90, S90 e V90 -, e que permite maior ligeireza, modularidade e rigidez estrutural. A este respeito, aliás, o XC60 evolui ao contar com um novo chassis criado de propósito para o XC60.

Com suspensão integralmente nova face ao modelo anterior (mas ‘inspirada’ na do XC90), a Volvo quis criar um compromisso entre conforto e dinâmica para apelar a uma faixa de clientes mais jovens que procuram um SUV ágil, mas que não querem perder conforto. Até porque uma parte dos clientes do XC60 é do sexo feminino e a Volvo sabe o que elas querem: facilidade de condução e simplicidade.

O primeiro contacto com o novo Volvo em estradas de Barcelona deixou auspícios muito positivos. Sob temperaturas que se podem considerar tórridas para um mês de maio – 32 graus a meio da tarde até fazem esquecer que o XC60 é sueco -, este SUV evidencia, desde logo, uma enorme qualidade em condução prática, com supressão eficaz do mau piso e dinâmica que, não sendo desportiva, é deveras competente ao misturar eficácia com suavidade. As transferências de peso em curva são bem contidas no modo Dynamic – mesmo que a inclinação da carroçaria seja evidente – e nota-se um bom trabalho efetuado nas ligações ao solo. Destaque, também, para a direção, amplamente melhor do que a do anterior XC60. Numa apreciação ao seu comportamento, pode-se dizer que sobressai não tanto pela vontade implícita de dinamismo, mas sim pelo requinte global. Os veículos ensaiados em Barcelona contavam com suspensão pneumática, o que fazia variar o amortecimento em função do modo escolhido, entre o Comfort e o Dynamic.

O Volvo mais seguro de sempre

O recurso à plataforma modular SPA permite que o novo XC60 se torne num automóvel mais rigoroso do que a geração anterior, mas, sobretudo, mais tecnológico. Tão tecnológico que se assume como um dos mais avançados no segmento e do próprio mercado, ao abrigo da Visão 2020, que é a apologia da marca para erradicar, dentro de apenas três anos, as fatalidades a bordo dos seus veículos ou lesões graves. O plano é arrojado, mas estes pequenos passos tecnológicos, em conjunção com uma estrutura de aços de ultra-elevada resistência e alumínio que encapsula os ocupantes numa aura de segurança elevada, tornam-no mais realista.

Assim, Ao sistema City Safety (de série) do XC60 foi adicionada agora uma nova função de assistência à direção para tornar as distrações menos preponderantes. Uma delas é o Oncoming Lane Mitigation, a qual ajuda a evitar colisões com veículos que circulem numa faixa contrária, atuando sobre a direção para fazer retornar o veículo para a sua faixa. Além dessa, há ainda o City Safety com assistência na direção (entre os 50 km/h e os 100 km/h) e o Blind Spot Indication System (BLIS) com uma função de análise dos espaços laterais para evitar colisões derivadas de ângulos mortos, atuando igualmente ao nível da direção. Este sistema com assistente de direção é opcional. Ou seja, a eviência de que a Volvo não brinca quando o tema é a segurança dos ocupantes.

Por outro lado, numa era em que se fala cada vez mais na implementação de sistemas autónomos, o Volvo Pilot Assist, sistema avançado de condução semiautónoma que consegue controlar a direção, a aceleração e a travagem, em estradas com marcações bem delimitadas em velocidades até 130 km/h, está disponível como opção.

Motores: a receita já conhecida

Uma vez mais, a Volvo prefere apostar no que tem dado bons frutos. Ou seja, motores de dois litros e de quatro cilindros para todas as variantes, seja a gasolina, Diesel ou também hírbida. Uma tradição que se repete. A Diesel, as opções iniciam-se com o D4 de 190 CV, surgindo mais acima o motor D5 de 235 CV com a tecnologia PowerPulse a fazer deste um propulsor bastante moderno.

Quanto às unidades a gasolina, as opções passam pelos motores T5 de 254 CV e T6 de 320 CV, havendo ainda, como destaque a variante Plug-in híbrida T8 Twin Engine a gasolina com potência total de 407 CV. A aceleração dos 0 aos 100 km/h deste último é de 5,3 segundos.

Destes, os blocos a gasolina T5 e T6 não estarão presentes no cardápio de opções nacionais, embora possam ser encomendados. Todos os motores disponíveis no mercado nacional serão nesta primeira fase com tração integral (AWD), prevendo-se a chegada dos modelos de tração dianteira mais para o final do ano. A caixa automática de 8 velocidades é elemento comum na gama.

Nos troços em que pudemos experimentar o XC60 D5 com a tecnologia PowerPulse voltou a ficar bem patente a facilidade com que este motor ganha ritmo sem sinais de ‘turbo-lag’ em aceleração, num autêntico compêndio técnico que faz deste um dos modelos mais despachados do segmento. Porém, a caixa automática fica algo atrapalhada em condução mais aguerrida, reduzindo por vezes à saída da curva quando se queria essa redução antes, na entrada. O comando sequencial anula esse efeito. Porém, note que isso só acontece em percursos muito sinuosos e em ritmos mais fortes, o que também não será – cremos – aquilo que os clientes irão procurar neste XC. Já a sensação de compostura ao volante é garantida.

A “coerência do desenho”

Percebe-se que a Volvo quer manter um certo ar de família entre os seus diversos modelos, algo que poderia ser chamado de “coerência de desenho”. A semelhança entre o XC60 e os modelos da Série 90 é óbvia, mas o XC60 tem os seus próprios atributos específicos, o que é visível pelos faróis de estilo Martelo de Thor na assinatura luminosa, em que o traço horizontal sai dos limites dos faróis e vai ligar-se à grelha do radiador, também ela mais robusta. No interior, repete-se a fórmula, mas com uma aposta num estilo mais jovial, com destaque para a qualidade dos materiais e para a elevada tónica da qualidade de construção.

Também em foco está o Sistema Sensus de infoentretenimento, que tem funcionalidades novas e até mesmo uma reformulação do conceito de escrita a partir do ecrã tátil com funcionalidade real. Quer esse sistema, quer a aplicação Volvo On Call, recebem melhoramentos gráficos que reforçam a sua usabilidade. À imagem dos novos 90, a integração do smartphone através dos sistemas CarPlay e Android Auto também estará disponível no Novo XC60. A marca fez questão de destacar que, embora exista uma semelhança no desenho dos interiores, o do XC60 é mais orientado para uma camada mais irreverente do que os dos XC90 e S/V90.

O novo Volvo XC60 pode já ser encomendado com preços a partir dos 55.504€ para o modelo com motor D4 AWD Auto de 190 CV no nível de equipamento mais baixo, Momentum. O modelo com motor D5 AWD Auto de 235 CV tem um preço de acesso de 62.956€ no nível Momentum, enquanto o mais potente T8 Twin Engine Auto tem um custo de base na ordem dos 67.698€. Os níveis de equipamento disponíveis são o Momentum, R-Design e Inscription. Como nota final, o XC60 é sempre Classe 1 nas portagens, independentemente da tração ou da adoção de Via Verde.

Em suma, mais um motivo de inquietação para as três marcas Premium alemãs, que terão aqui um sueco duro de ‘roer’.

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