Borgward: Isabella no renascimento de ex-ícone alemão

17/09/2017

Nome grande da indústria automóvel alemã da primeira metade do século XX, a Borgward está em pleno processo de renascimento depois de ter falido em 1961. O seu regresso ao ativo faz-se com modelos de estilo SUV e com um potencial desportivo em carteira, do qual o Isabella revelado em Frankfurt é um bom prenúncio.

O passado da Borgward tem tanto de glorioso quanto de misterioso, com as razões em torno da sua falência em 1961 a serem alvo de grandes discussões quanto ao potencial caso de “conspiração” para a sua falência. Com efeito, ainda hoje persistem dúvidas quanto à possibilidade de a falência da Borgward se ter devido a uma ação concertada por outras marcas alemãs para levar a uma crise nesta companhia, em última instância levando à sua insolvência. Além disso, a nomeação de Johannes Semler para o cargo de CEO da Borgward e, em concomitância, sendo também membro do conselho de administração da BMW, na época envolta igualmente em sérios problemas financeiros, deu força a esta teoria que ainda hoje perdura.

O destino da Borgward ficou selado em 1961, quando entrou em processo de liquidação, com Carl F. W. Borgward, o seu fundador, a garantir pelo seu lado que a marca era financeiramente viável. Notícias da época acabam por revelar que, depois de decretada a falência e dos credores receberem as suas verbas, ficaram 4.5 milhões de marcos alemães em ‘caixa’, o que acaba por dar alguma razão ao fundador, que viria a morrer em 1963.

Fundada em 1929 na cidade de Bremen – onde instalará uma nova fábrica dentro em breve – e produtora de quatro modelos no passado (estava-se longe da época de produção em massa como hoje se conhece por virtude de múltiplas plataformas modulares), a Borgward renasceu em 2015 através do apoio financeiro da empresa chinesa Foton e da vontade de Christian Borgward, neto do fundador, em cooperação com Karl-Heinz Knoess, executivo com passagens por marcas como a Saab e Daimler.

O regresso de Isabella

Sinalizadas as suas intenções de regresso ao ativo por intermédio de modelos de estilo SUV, a Borgward surge em Frankfurt com um novo concept para um desportivo, o Isabella, que se coloca como uma reinterpretação moderna do Isabella clássico que a companhia lançou na década de 1950.

Com quatro portas, o Isabella Concept dispõe de linhas modernas ao promover um estilo denominado ‘Impression of Flow’, ou seja, algo como sensação de fluidez, numa tradução mais literal. Com habitáculo de quatro lugares e 5 metros de comprimento e 1,9 metros de largura, este Borgward Isabella Concept é, de acordo com o responsável de design da Borgward, Anders Warming, uma declaração de intenções para um modelo “perfeitamente equilibrado entre formas arredondadas dinâmicas com linhas precisas”. Além disso, beneficia de um aperfeiçoamento aerodinâmico pensado para elevar o capítulo da eficiência, algo que também desempenha um papel crucial, conforme adiante Warming.

Mais do que um concept, este Isabella pode sinalizar o crescimento nas ambições na marca para um foco mais dinâmico, tendo já garantida uma tónica nos SUV de última geração com motorizações híbridas em desenvolvimento.

A entrada no mercado europeu está prevista para o final deste ano, inicialmente na Alemanha, sendo curioso para observar como se irá efetuar a receção de um antigo ícone germânico agora no século XXI depois uma grande época de ausência em que outras companhias como a Daimler, Audi, Volkswagen e BMW se elevaram a um estatuto superior. Para já, a marca entrará com o BX7 TS Limited Edition, uma edição de lançamento que estará disponível para os clientes da Borgward no final do ano, mas mais tarde chegarão também o BX7 de base, o BX5 e o BX6, os quais serão introduzidos na Europa, numa primeira fase, apenas com motores a gasolina. Apenas numa segunda fase chegarão os modelos elétricos. Isto porque, revela Ulrich Walker, CEO do Grupo Borgward AG, a intenção é responder “à constante procura por parte dos clientes, aumentando assim a visibilidade da marca e dos seus produtos”. No entanto, acrescenta, “continua a ser o nosso objetivo principal vender unicamente carros elétricos assim que a produção se iniciar em Bremen. Mantemos as nossas promessas”, afiançou.

O regresso da Borgward tem-se feito, de resto, de forma rápida. O primeiro ‘ataque’ fez-se na China, onde já foram registados cerca de 70.000 pedidos de veículos, mas esta marca tem vindo a ganhar o espaço através de outros campos, como denota o recente acordo de parceria com a Sixt Neuwagen. A sua sede atual é em Estugarda, dispondo já de mais de 5.000 empregados a nível global. Em termos financeiros, a marca apresentou já um valor de 1.5 mil milhões de euros de receitas nos últimos 12 meses, estando em linha com os objetivos da marca.

 

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