A denominação Civic tem para a Honda um grande peso, já que se trata de um modelo com enorme história e que simboliza aquele que foi o primeiro carro de sucesso internacional para a marca criada por Soichiro Honda. Em 2017, chega ao mercado a décima geração do Civic, cada vez mais evoluída e tremendamente diferente em termos de dimensões em relação ao pequeno Civic que em 1972 foi revelado como um pequeno automóvel, eficiente, compacto e fiável. Note-se que, em Portugal, o Civic já vendeu, no cômputo das suas nove gerações, cerca de 92.000 veículos, muitos dos quais continuam a circular nas nossas estradas.

A primeira geração foi lançada em 1972, marcando um forte impacto numa era em que a questão dos custos do petróleo e dos combustíveis começou a ganhar pertinência. Surgiu com carroçarias de três e de cinco portas e como carrinha, com um motor de 1.169 cc com arrefecimento a água e discos de travão no eixo dianteiro. Dois anos depois, em 1975, surgia o motor CVCC, mais eficiente em termos de consumos e emissões.

A segunda geração surgiu no final da década de 1970, mais concretamente em 1979, aumentando já de dimensões e com um desenho mais evoluído. Todos os motores contavam com tecnologia CVCC para baixo consumo e emissões reduzidas, com o motor de base a disponibilizar 56 CV de potência e a versão de ‘topo’ a oferecer 68 CV de potência.

Em 1983, nova geração e novo crescimento. O estilo estava agora mais reto com uma superfície vidrada mais ampla, estando disponível como compacto e como carrinha (a Civic Shuttle), também com versão de tração integral. A nova gama de motores trouxe prestações melhoradas, sobretudo com a chegada de um bloco 1.5 e de um 1.6 de 130 CV que se tornou ‘coração’ da variante Si no Japão. Nos Estados Unidos, as variantes Si tinham menos potência – 91 CV. Notoriamente, surgiu igualmente um novo modelo desportivo denominado CRX, que se tornou icónico para muita gente.

Em 1987 surgia a quarta geração do Civic, numa evolução estética do modelo anterior e com linhas desportivas e aerodinâmicas. Os Civic estavam agora mais eficientes e tecnologicamente mais avançados, contando com motores de injeção eletrónica e suspensão traseira independente. Uma vez mais, o CRX marcava presença, também com visual renovado, acabando por ser um dos modelos de grande sucesso pela sua condução desportiva e baixos consumos.

A quinta geração apareceu em 1991, agora com um estilo mais arredondado, mas com o foco na eficiência e no equilíbrio entre condução desportiva e baixos consumos. Disponível com carroçarias de três portas, coupé de duas portas e berlina, o Civic adaptava-se a quase todos os condutores, destacando-se, sobretudo, na versão VTI que recorria ao motor 1.6 VTEC de 160 CV de potência. Para os amantes do tuning este foi um modelo muito procurado… Por outro lado, o CRX ganhou um novo foco, tornando-se num targa desportivo de dois lugares e com uma denominação adicional – CRX Del Sol. Não teve tanto sucesso e viria a ser a última vez que a sigla adornou a carroçaria de um modelo Honda.

O ‘boom’ da popularidade do Civic deu-se depois em 1996, com a chegada da sexta geração. As dimensões não se alteraram em demasia, tendo o Civic as mesmas escolhas de carroçaria, com exceção do CRX, que desapareceu do leque de escolhas da marca nipónica. As linhas estavam mais aerodinâmicas e a dinâmica mantinha o estatuto de topo. Por outro lado, além dos modelos de linhagem ‘pura’, surgiam agora duas carroçarias mais clássicas, na forma da berlina de cinco portas e carrinha Aerodeck com base no modelo nipónico Domani. Eram vendidos em paralelo aos outros Civic, cada um com as suas mais-valias. Se os modelos de estilo mais arredondado tinham motores 1.4, 1.5 e 1.6 (este com 160 CV), os Civic de aspeto mais clássico contavam com um motor 1.8 VTI de 170 CV como destaque, mas igualmente com versões 1.4 ou 1.5 a exemplo da restante gama.

Na viragem do milénio, a Honda quis mudar o jogo e optou por uma nova geração diferente do que tinha vindo a fazer até então. Lançado em 2001, o novo Civic ganhou um estilo de cinco portas muito aproximado ao de um monovolume, o que se traduziu num maior espaço interior e maior funcionalidade. Além disso, a versão de três portas mantinha o visual desportivo, enquanto a linha coupé – muito mais bem-sucedida nos EUA – voltava a marcar presença. Foi a última vez que o Civic Coupé se vendeu na Europa. A carroçaria de três portas contava igualmente com uma versão Type R de altas performances, trazendo para a Europa essa sigla. Recorria a motor 2.0 VTEC de 200 CV para a variante com designação de código EP3. A geração anterior já havia tido uma versão Type R, mas não teve comercialização no mercado europeu, ainda que se encontrem algumas unidades no Reino Unido (sendo mais fácil por ter volante à direita, facilitando a importação do Japão). A versão berlina também estava no mercado, estreando a solução híbrida IMA (Integrated Motor Assist) para maior eficiência.

Se a sétima geração tinha um visual muito familiar, a oitava quebrou todos os moldes. Quando foi revelada a oitava geração, em 2006, o estilo parecia mais o de um concept do que de um modelo de produção, sendo apelidado de ‘nave espacial’. Além do aspeto exterior único, com dianteira curta e linhas muito vincadas, o interior estava dotado de um desenho revolucionário, com a separação da instrumentação em dois patamares e um esquema de bancos atrás denominado ‘bancos mágicos’ que permite levantar os assentos. Com motores 1.4 e 1.8 a gasolina, houve também variante Diesel 2.2 e uma desportiva Type R, com uma evolução do motor 2.0 VTEC de 200 CV da geração anterior, agora com 201 CV. A carroçaria de quatro portas voltava a marcar presença, com a versão híbrida a dar cartas.

No auge da crise financeira mundial, a oitava geração do Civic ‘arrastou-se’ e a nona geração surgiu apenas no final de 2012. O estilo era uma evolução clara do modelo anterior, apenas com muitos acertos visuais, sendo que até a gama de motores transitava com algumas modificações. Agora, contudo, o realce estava na chegada de uma motorização Diesel 1.6 i-DTEC de 120 CV que tornou o Civic mais apelativo aos europeus. Além da carroçaria de cinco portas, única no mercado europeu (berlina e coupé só nos EUA), esta geração fez renascer a carrinha (Tourer), para maior versatilidade e suspensão traseira adaptativa como marco.

Em 2017, a Honda partiu do zero com uma nova plataforma, novo estilo, novos motores e nova conceção de desenho. O resultado está à vista, na forma da décima geração, lançada agora em Portugal com dois motores a gasolina sobrealimentados, de 1.0 litros e de 1.5 litros, o primeiro com 129 CV e o segundo com 182 CV.

Para este novo modelo, a versão de cinco portas está já nas estradas, mas há outras opções em cima da mesa: em setembro irá chegar o desportivo Civic Type R com motor 2.0 VTEC de 320 CV, uma evolução do atual modelo, enquanto em abril do próximo ano irá chegar o motor 1.6 I-DTEC mais evoluído. Em discussão está ainda a possibilidade de vender o Civic de quatro portas, que poderá chegar igualmente em setembro. De forma curiosa, esta variante estava decidida para comercialização por parte do anterior importador, inicialmente prevista para maio-junho, mas a SóZó, nova importadora, decidiu voltar a equacionar esta possibilidade.

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