As imagens do primeiro triunfo de Ayrton Senna, obtido num circuito do Estoril completamente alagado em abril de 1985, ficaram para sempre marcadas na memória de todos os que assistiram àquela prova em direto. Mais de três décadas depois, a ligação histórica do piloto a Portugal é recordada com uma estátua evocativa que irá ficar na sede do Automóvel Club de Portugal (ACP).
Um piloto que “nunca poderia ser apenas mais um”: eis uma das frases da autoria do próprio Ayrton e que descreviam bem o carácter do piloto, tricampeão do mundo e um dos melhores de sempre do Mundial de Fórmula 1. Esse mesmo carácter de procura incessante pelo triunfo, a espiritualidade e serenidade fora de pista e a intensidade e talento dentro dela foram alguns dos traços recordados por Carlos Barbosa, presidente do ACP, na cerimónia de revelação de uma estátua em honra de Senna e de um livro que descreve igualmente a carreira do piloto.
“Tive o prazer de assistir a esta corrida ao vivo e até cheguei a ver o Senna anos a correr no Estoril em Kart, na pista que havia lá. Senna sempre teve una relação muito forte com Portugal, sempre teve grandes amigos por cá, como o Pedro Queiroz Pereira, que também nos deixou recentemente”, começou por recordar Barbosa.
O presidente do ACP destacou ainda que Senna “era muito espiritual e religioso, sendo também um homem extraordinariamente concentrado, mas também um homem muito bom. Todos conhecemos o trabalho diário de apoio social no Brasil levado a cabo pelo Instituto Ayrton Senna. Era piloto imbatível na chuva e fez em Portugal um início de carreira magnífico. Quando soubemos que queriam instalar uma estátua aqui, é claro que o ACP acolheu de imediato esta iniciativa de trazer uma estátua de Senna para Portugal”.
Por vontade da família e da fundação do piloto, o local escolhido para a colocação da obra foi a sede do ACP, que organizava o Grande Prémio de Portugal quando Senna alcançou o seu primeiro triunfo na Fórmula 1.
Novo livro
Associado ao projeto das estátuas surge o livro ‘Senna – um herói moldado de alma, coração e aço!’, que relembra a trajetória de Ayrton Senna e os seus principais feitos, nomeadamente a primeira vitória na Fórmula 1 no circuito do Estoril, assim como a conquista do tricampeonato mundial da modalidade, ocorrida em 1991, no circuito de Suzuka, no Japão. Esta publicação resulta de uma parceria entre o ACP, a BB Editora e o Instituto Ayrton Senna.
O livro apresenta novas histórias e fotografias, que não saíram ainda nas obras já publicadas, como nos referiu Baroni Neto, autor do livro, que destaca o facto de ser uma obra com imagens gentilmente cedidas pela família do próprio piloto.
“Há anos que idealizei este projeto e nem sei bem o que surgiu primeiro, se o das estátuas ou se o livro”, explicou o promotor da ideia, Baroni Neto. “Esta é a 12ª de 15 estátuas que pensámos para homenagear a carreira de Senna, uma estátua linda e que só posso estar agradecido ao ACP por ter acolhido e valorizado esta iniciativa”, afiançou
Para o Embaixador do Brasil, Luiz Alberto Machado, “Senna é um dos grandes heróis do povo brasileiro e é um símbolo de seriedade, de empenho, sendo um enorme exemplo para as gerações mais novas. Ao rever as imagens da vitória de Senna houve uma frase de Galvão Bueno [NDR: comentador da TV Globo] que retive e que era quase profética, quando diz que “estamos a testemunhar o nascimento de um grande ídolo do automobilismo mundial”. E impressionou-me, também, a maneira como os aficionados portugueses a celebraram, como se de um português se tratasse. Sem dúvida que Portugal era a segunda casa de Ayrton Senna e o ACP é o sítio certo para ter esta estátua exposta”.
Esta estátua vem na linha de outras 11 estátuas, da autoria de Rafael Sanches, expostas no Autódromo de Interlagos, um museu a céu aberto que imortaliza a carreira de um dos maiores pilotos da história da F1. Além disso, na sede do ACP os admiradores de Senna poderão adquirir objetos relacionados com a sua carreira, como fatos de competição, camisolas, miniaturas dos carros que pilotou, bonés, porta-chaves e autocolantes.