Depois de alguns anos de crescimento significativo após a crise do início da década, os dois últimos anos foram já de crescimento mais reduzido. Em 2017, de acordo com os mesmos dados, foram matriculados 222 mil veículos, enquanto no ano passado esse valor ascendeu a 228 mil unidades. Para este ano, o estudo do Observador Cetelem prevê então um valor em redor dos 230 mil veículos vendidos, ou seja, um aumento ligeiro de apenas 0,7%, prevendo-se que apenas Espanha e Eslováquia registem variações positivas, de 2,2% e de 2%, respetivamente. Exemplo do abrandmento significativo será dado pela Hungria que, depois de ter sido o país com o maior crescimento em 2018 (16,1%), deverá ‘travar’ com uma quebra estimada nos 11,1%.
Um contraponto evidente com a situação de 2018, em que, dentre 13 países europeus analisados, Portugal registou o sexto maior crescimento, ultrapassado pela Hungria, Polónia, Holanda e Espanha – todos acima dos 7 pontos percentuais – e França, neste caso, com crescimento de 3%. A média de crescimento no total dos países analisados foi de 2,2%.
“O mercado europeu atingiu em 2018 valores similares ao contexto pré-crise de 2008, com cerca de 16 milhões de veículos novos vendidos a particulares. A recessão nas vendas de veículos a privados parece atingir países com grande tradição no setor, como o Reino Unido ou Itália. Mas o mercado automóvel de particulares em Portugal também não sai ileso, pelo que, depois do crescimento registado em 2018, deveremos assistir a uma estabilização nas vendas”, refere Pedro Nuno Ferreira, Diretor Automóvel do Cetelem, que antecipa também o cenário de transição energética nas motorizações.
“As estratégias globais que visam diminuir a importância do Diesel e potenciar os veículos elétricos estão a resultar em parte. Se os veículos movidos a gasolina aumentaram significativamente nos últimos anos, e não se prevê que abrandem a curto prazo, os híbridos e os elétricos não ultrapassam, para já, os 6%, e os dados apontam que se aproximarão dos 10% em 2020”, sublinha
Abrandamento também à escala mundialÀ escala global, desde 2010 que se registava um crescimento acentuado, sempre na ordem dos 5%. No entanto, no segundo semestre de 2018, ainda de acordo com o estudo, assistiu-se a uma contração do mercado com um crescimento de cerca de 1%. Para 2019 prevê-se uma estagnação, em larga medida devido à quebra registada na China a partir de julho, que implicou uma retração no final do ano de 4,1% (mesmo que este ano volte a crescer, com previsões na ordem dos 2,9%).
Nos Estados Unidos da América (EUA) assistiu-se a uma quase estagnação, com valores a rondarem 0,3%. Porém, em 2019 espera-se nova quebra do mercado norte-americano (-3,9%). O mercado japonês continua em quebra, embora seja inferior ao que se verificou em 2017, com menos 3% contra os anteriores 7,1% de decréscimo. E no Brasil o crescimento muito forte, na ordem dos 13,1%, será transformado em quase metade em 2019, esperando-se agora que atinja os 7,2%.