Um marco importante na história recente da Ducati foi o lançamento da 916 em 1994, desenhada por Massimo Tamburini, e com a qual, Carl Fogarty ganharia três campeonatos do mundo de superbikes. Em 2012, a Ducati foi comprada pela Audi, passando a integrar o Grupo Volkswagen, graças ao gosto do chairman Ferdinand Piëch pela marca. Atualmente a Ducati está a viver o seu melhor momento, ao vencer os campeonatos do mundo de MotoGP e SBK em 2022 e 2023, refletindo-se na procura das suas motos pelos fãs em todo o mundo.
Em 2024 o Grupo Volkswagen decidiu restruturar a distribuição da marca na península ibérica e nomeou Carlos T. López Panisello, para novo Diretor Geral da Ducati em Portugal e Espanha. O Motor 24 aproveitou a passagem de Panisello pelo concessionário da marca em Lisboa, para ficar a saber a importância que tem para marca, a entrada no motocross, e ainda que uma Ducati elétrica poderá ser uma realidade no futuro.
Carlos T. López Panisello: Estou desde maio de 2023 no Grupo Volkswagen, que assumiu a distribuição da Ducati em Espanha e Portugal em 1 de janeiro de 2024, embora eu tenha começado um pouco mais cedo a preparar todo o trabalho.
M24: Quais são as diferenças que encontrou em Espanha e Portugal no modo de funcionamento da Ducati?
CTLP: Antes, a distribuição em Espanha e Portugal era gerida por um importador privado chamado Desmodron, e agora é gerida diretamente pelo Grupo Volkswagen, que por sua vez é proprietário da Ducati desde 2012 através da Audi. Por isso, o maior desafio tem sido adaptar os processos que já temos na empresa de distribuição do Grupo Volkswagen em Espanha, também às motos.
M24: Qual é a estratégia para o mercado ibérico?
M24: Quais são as diferenças entre os mercados espanhol e português?
CTLP: Para nós, são mercados diferentes. De facto, desde o início que quisemos diferenciar que somos a Ducati Espanha e Portugal, e não a Ducati Iberica, porque para nós são dois países diferentes, com duas línguas diferentes, duas legislações diferentes, dois sistemas fiscais diferentes e dois tipos de clientes diferentes. Desde o início quisemos ser muito sensíveis ao que o cliente espanhol e português querem, porque são coisas diferentes. Na realidade, o cliente português quer um produto ainda mais exclusivo, no caso da Ducati, mais único, mais edições limitadas, tem uma perceção da Ducati como um produto premium e valoriza mais um produto com um acabamento muito elevado do que em Espanha, de facto, em Portugal vendemos motos cujo preço médio é mais elevado do que em Espanha.
M24: Quais são os planos da empresa em relação às motos eléctricas?
CTLP: O nosso plano é continuar a desenvolver a moto eléctrica até considerarmos que o produto está ao nível da sofisticação e de tecnologia de ponta que temos em qualquer outro modelo nosso. Poderíamos lançar uma moto eléctrica hoje. No entanto, queremos ter a certeza de que a potência, o peso, e a dinâmica estão ao mesmo nível que nos outros produtos que estão ao mais alto nível de exclusividade e ao mais alto nível de tecnologia. Isto não significa que não acreditemos no produto elétrico, pelo contrário, estamos à espera que o produto elétrico, sob a nossa conceção, esteja ao mais alto nível. É por isso que estamos a investir dinheiro e motos no campeonato MotoE, porque queremos desenvolver este produto e, de facto, é o nosso banco de ensaio.
CTLP: Obviamente, estamos convencidos de que o nosso cliente que aprecia a exclusividade e a sofisticação da nossa marca, verá o produto elétrico como uma evolução natural do produto premium da Ducati e uma evolução lógica que está a ocorrer no âmbito do desenvolvimento tecnológico, tanto nos automóveis como nas motos. Nos automóveis estamos a ver que todos estão a lançar produtos eléctricos, nas motos há muitas marcas que estão a lançar cada vez mais produtos eléctricos, é uma área que queremos trabalhar e, como disse antes, estamos a demonstrá-lo com a MotoE. Pouco a pouco, o mercado vai receber este produto e estamos convencidos de que os nossos clientes vão apreciá-lo, especialmente porque vamos garantir que o nível do nosso produto elétrico está ao mesmo nível que o resto das nossas outras motos. É por isso que é muito importante para nós escolher o momento certo para lançar uma moto elétrica. Porque a história por detrás de um motor de combustão numa mota, tal como num carro, é muito forte. Por isso, para muitos clientes, pode ser um momento, no mínimo, curioso. É por isso que é tão importante para nós certificarmo-nos de que o produto está à altura da tarefa, para que esta transição também aconteça de uma forma lógica. A marca tem agora uma grande variedade para a maioria dos segmentos.
M24: Quais são os novos lançamentos para o futuro?
CTLP: Eu diria que o lançamento mais importante é a moto de Motocross que já comunicámos recentemente e que a ideia é lançá-la no próximo ano. Estamos a terminar o desenvolvimento da moto, como decerto sabem já estamos a participar no campeonato italiano de motocross com excelentes resultados. Eu diria que para o próximo ano é um dos lançamentos mais importantes que temos. Para além disso, vamos ter outros que vão ser uma novidade de produto e uma melhoria ou mudança de produtos actuais, mas normalmente comunicamos isso diretamente da sede em Bolonha, por isso vou esperar que eles o comuniquem dentro do programa de novidades que temos.
M24: O que pretende melhorar na rede de vendas?