Poluição obriga a medidas extremas em Paris

Paris enfrenta uma ameaça silenciosa que paira sob o céu. Os níveis de poluição atingiram valores extraordinariamente altos, criando um imenso smog que teima em não se dissipar e que obrigou Anne Hidalgo, a presidente da câmara municipal, a tomar medidas extremas

Transportes públicos gratuitos e banir metade dos automóveis em circulação no centro de Paris foram as medidas aplicadas pelas autoridades de Paris para tentar reduzir os níveis de poluição na cidade luz.

Airparif, o observatório para a qualidade do ar em Paris, registou níveis excepcionalmente altos de poluição ontem, atingindo 91 microgramas por metro cúbico, valor muito acima dos 80 microgramas que é considerado o nível de alerta.

Esta é a quarta vez nos últimos 20 anos que é imposto um esquema de trânsito alternado por dias em função da numeração das matrículas dos automóveis privados, mas é a primeira vez que essa regra é aplicada durante vários dias, o que levou ao caos ontem, já que muitos automobilistas não respeitaram a regra, enquanto os transportes públicos entraram em rutura, por causa da procura excessiva.

A medida não se aplica apenas ao centro de Paris, mas estende-se às suas 22 comunidades suburbanas, o que criou graves problemas de mobilidade na cidade. Anne Hidalgo, presidente da câmara de Paris e a primeira mulher a ocupar o cargo, publicou ontem na sua conta de Twitter uma imagem em que se pode ver o smog que cobre toda a cidade e que representa, segunda a edil, uma séria ameaça à saúde dos parisienses.

De acordo com a Airparif, o fenómeno é causado por um anticiclone e pelo pouco vento que impede a dispersão do dióxido de carbono e partículas PM10 emitidas por veículos, especialmente Diesel, que resultam na acumulação desta nuvem de poluição que está a cobrir a cidade e os seus principais monumentos.

Nas redes sociais multiplicam-se fotos ilustrando como esta nuvem negra e espessa está a envolver alguns dos locais mais icónicos da cidade-luz, que esta semana foi a mais poluída do mundo, batendo Xangai, tradicional dominadora deste ranking da poluição.

Sem Diesel a partir de 2020

As medidas de emergência que duram desde segunda-feira reduziram substancialmente o trânsito. De acordo com a polícia de Paris, só na segunda feira 2800 condutores foram multados em 22 euros cada, por não respeitarem as limitações de tráfego.

Apenas carros elétricos, carros com os números de matrícula autorizados naquele dia ou carros que transportem mais de três pessoas são autorizados a circular livremente, mas a velocidades não superiores a 50 km/h

Para encorajar as pessoas a deixar os seus carros em casa, os transportes públicos e parques de estacionamento residenciais são grátis enquanto as limitações de circulação automóvel durarem.

Estas medidas extremas aplicadas por Anne Hidalgo, levaram a uma disputa política com a Ministra do Ambiente, Ségolène Royal, que acusou a autarca de aplicar medidas hostis e impopulares para a população, em vez de ter uma política de transportes estruturada e sustentável para a capital francesa.

Paris foi uma das quatro cidades que anunciou recentemente que pretende banir a circulação de veículos Diesel no centro das cidades em 2020, juntando-se assim a Madrid, Atenas e Cidade do México nessa decisão.