O desgaste dos motores de combustão interna ao longo do tempo é uma situação, podendo, em muitos casos, resultar na perda de potência evidente dos mesmos. 

Uma das particularidades essenciais para o seu correto funcionamento está na forma como a manutenção do motor é feita pelo proprietário, mas a potência tende mesmo a decair com a passagem dos anos (mesmo que muito ligeiramente), refletindo o natural desgaste de diversos componentes do motor.

Convém recordar que os motores térmicos são conjuntos altamente complexos e cada vez mais evoluídos, havendo no seu interior diversas peças móveis que se traduzem em fricção, logo, em desgaste. A tendência de desgaste de peças é mais evidente quanto mais antigo for o motor e quantos mais quilómetros acumulam, havendo diversas circunstâncias que concorrem para essa particularidade.

“A que devo prestar atenção?”

Cilindros, capas das bielas e cambota são algumas das peças que podem acumular um desgaste elevado com a utilização de um veículo ao longo dos anos, muitas vezes originando folgas que se traduzem em mau funcionamento, consumo excessivo de óleo e perda de potência, efeito que se sente mais naturalmente em subidas ou com mais carga a bordo. A correta manutenção é essencial, sendo que a mudança do óleo do motor e das bombas de óleo e de combustível nos intervalos previstos (ou antes em caso de utilização extrema) são fundamentais para a saúde do motor. As velas de ignição (componente diretamente ligado ao desempenho) podem igualmente originar a perda de potência em funcionamento, além de aumentar a dificuldade no arranque, consumos e emissões poluentes.

Mas nem só com folgas de componentes mecânicos se pode explicar a perda de potência do motor. Para a ocorrência do processo de combustão, o motor precisa de uma mistura eficiente de ar e combustível – a interrupção do fornecimento de cada um desses elementos no motor influi na performance. Assim, é necessário igualmente observar o entupimento de peças específicas, como o filtro de partículas (no caso dos Diesel), filtro de ar (dificultando a admissão do ar para o motor) e observar eventuais depósitos de carvão em peças chave do motor, podendo estar aí a causa do motor mais anémico.

Mas na equação da potência há ainda mais denominadores a ter em conta, como o sistema de refrigeração que, degradando-se ao nível do radiador e tubagens, pode fazer o motor trabalhar em temperaturas mais elevadas e, com isso, aumentar o esforço do motor e reduzir a sua longevidade. Tenha atenção ao indicador da temperatura do líquido de refrigeração, sabendo que a falta do mesmo pode ser fatal e resultar em casos de sobreaquecimento. Nos casos mais extremos, pode levar a incêndios!

Depois, há causas muito mais simples e que podem ser apenas momentâneas, como por exemplo, a maior altitude ou o tempo quente. A explicação é fácil. Como a combustão decorre da queima da mistura de ar (oxigénio) e do combustível, a densidade do ar é importante. Ar mais rarefeito tende a limitar a potência, seja em altura, como em dias mais quentes. O ar mais fresco melhora a combustão.

Por outro lado, num intervalo mais curto de tempo, o inverso também pode acontecer. Nos testes de Longa Duração, onde os carros cumprem rigorosamente suas rotinas de manutenção, é comum que os veículos demonstrem números de desempenho e consumo melhores após 60.000 km rodados graças ao assentamento das peças móveis do motor.

Naturalmente, uma manutenção apropriada e cumprindo os parâmetros originais por parte do construtor ajuda a tratar o motor ao longo da sua vida, sendo que o descuido, por exemplo, na mudança do óleo pode prejudicar a sua longevidade.

Muito mais eficientes em termos energéticos, os motores elétricos poderão vir a contornar esta situação, mas a questão do desgaste não se invalida. As baterias podem perder capacidade ao longo dos anos e com os ciclos de carregamento, pelo que existe ainda a necessidade de contornar a situação do desgaste neste capítulo.