A UVE (Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos) quer a simplificação das tarifas de carregamento e acusa governo e organismos públicos de gerar incerteza no mercado.
Quando celebra os seus 10 anos, a UVE lançou um manifesto onde aponta como problemas principais da adoção da mobilidade elétrica “o aumento das tarifas de carregamento e a complexidade dos tarifários”. Para a associação, estes problemas não estão “a ser enfrentados como prioridade, devido à incerteza instalada”.
Com a entrada em vigor do AFIR (regulamento europeu sobre infraestrutura para combustíveis alternativos) em abril de 2024, o setor enfrenta “novos desafios”.
A UVE apresentou ao governo propostas de evolução do modelo de mobilidade elétrica, “mas as declarações da tutela sugerem o fim do modelo atual e não a sua evolução e melhoria”, diz a associação em comunicado.
“Desde junho 2024 temos assistido a adiamentos consecutivos e até hoje não há qualquer indicação clara sobre a conclusão dos trabalhos que estão a ser elaborados pela tutela.”, sublinha.
Em nota de imprensa, a UVE afirma que, “apesar do sucesso no aumento das vendas de veículos elétricos e a boa adaptação do modelo português, a incerteza gerada pelas entidades responsáveis pelo sector tem prejudicado o investimento privado e o normal desenvolvimento da infraestrutura, afetando principalmente os Operadores de Pontos de Carregamento e Comercializadores de Eletricidade e, consequentemente, os utilizadores”.
“Em 2024 assistimos a um aumento médio de 5% nos custos de carregamento na rede pública, com os novos postos que entraram em funcionamento em dezembro a apresentarem valores, em média, 28% superiores aos de janeiro de 2024”, lembra a associação.
Em 2022, a UVE propôs uma simplificação dos tarifários disponibilizados aos Utilizadores, mas apenas 11,4% dos postos de carregamento adotaram esta simplificação até ao final de 2024.
“A burocracia é também um obstáculo, com dificuldades na ligação dos postos de carregamento à rede elétrica e no licenciamento de espaços públicos, prejudicando o crescimento da infraestrutura. Fechamos o ano de 2024 com quase 300 postos de carregamento rápido e ultrarrápido que aguardam ligação à rede elétrica”, sublinha a associação.
Segundo a UVE, os principais CEME (Comercializadores de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica), que detêm também as maiores redes de pontos de carregamento, possuem “uma responsabilidade acrescida na disponibilização de soluções que proporcionem uma melhor experiência ao utilizador, pelo que devem concentrar esforços neste domínio e potenciar a utilização da rede pública”.
“A UVE defende a necessidade urgente de soluções claras para melhorar o modelo atual, de forma a oferecer um serviço de melhor qualidade aos utilizadores e garantir o desenvolvimento eficiente da Mobilidade Elétrica em Portugal”, conclui.