O impacto da aplicação Whim, que permite aos habitantes da Área Metropolitana de Helsínquia combinarem todo o tipo de transportes para chegar ao seu destino com um único passe, é analisado no novo relatório “Whimpact: Insights from the world’s first mobility as a service solution”, publicado pela operadora MaaS Global e a consultora Ramboll. O estudo analisa os comportamentos dos viajantes e as tendências de utilização registados entre janeiro e dezembro de 2018, o primeiro ano completo de disponibilização do serviço, com dados de 70 mil utilizadores.
Apesar de oferecer três formas de usar a aplicação de mobilidade, o foco deste serviço é o passe Whim Unlimited. Trata-se de “um pacote de mobilidade sem precedentes”, caracterizam os autores do estudo, o que dificulta a sua comparação com outros sistemas de transporte. “A assinatura é intencionalmente direcionada e – a 499€ euros por mês – comercializada como uma alternativa à compra de carro.” Este passe ilimitado dá acesso a transportes públicos, bicicletas, boleias partilhadas e aluguer de carro por um preço único mensal, sem limites nem pagamentos adicionais, sendo a ideia que o residente tenha sempre acesso a transporte e deixe de precisar de ter carro próprio.
O outro pacote disponível é mais semelhante a um passe multimodal, mas com vantagens adicionais – custa entre 62 e 159 euros e compreende um bilhete de 30 dias para todos os transportes públicos (preço difere conforme a zona), aluguer de bicicletas até 30 minutos por cada viagem (com número ilimitado de viagens), tarifa padrão para viagens de táxi curtas (dez€ se for até cinco quilómetros) e aluguer de carros por 49€ euros ao dia. Quem não quiser ter passe pode pagar à medida que utiliza, acedendo ao preço standard dos serviços.
Com estes preços a oferta é atrativa? Os resultados dizem que sim. A conclusão inicial mais marcante é que os utilizadores da app de mobilidade Whim usam mais os transportes públicos (73%) do que os outros habitantes (48%). Outro indicador de relevo é que os utilizadores de Whim são três vezes mais propensos a combinar táxis com outros meios de transporte público do que os residentes de Helsínquia que não usam a app.
Isto significa, de acordo com a análise, que a solução de mobilidade como serviço ajuda a resolver o problema do primeiro e último quilómetro. É um obstáculo clássico ao uso de transportes públicos, que não conseguem ir buscar as pessoas a casa nem deixá-las à porta do local de destino. A utilização de carro próprio é habitualmente justificada com este problema, e os dados da Whim indicam que uma solução multimodal como esta incentiva a utilização de táxis para o resolver.
“É difícil fazer algo significativo pelo ambiente se as pessoas não estiverem disponíveis para desistir de ter carro”, afirma Krista Huhtala-Jenks, diretora de ecossistema e sustentabilidade da MaaS Global, explicando que a posse de carro próprio é altamente ineficiente. “Neste momento, a taxa de utilização dos carros de passageiros é de cerca de 4%, e no resto do tempo os veículos estão parados”, frisa.
Segundo a responsável, era preciso fazer este estudo para perceber se a mobilidade como serviço consegue ou não resolver problemas relacionados com a congestão de tráfego e as emissões de CO2. “Nenhum operador pode resolver sozinho os problemas de transporte e tráfego do futuro, por isso são precisas interfaces aplicacionais abertas e colaboração entre todos os operadores de serviço para melhor servir as necessidades do utilizador final”, considera a responsável. No seu entender, os operadores de transportes podem todos fazer parte da solução global que ajudará as cidades e, em maior escala, o planeta. E essa solução global deverá ser “aquela que fará que as pessoas deixem os seus carros porque encontraram algo melhor”.
Os autores do estudo concluem que os transportes públicos “são a espinha dorsal da mobilidade como serviço”. Vários indicadores sustentam a conclusão, começando pelo facto de os utilizadores da Whim fazerem 73% das suas viagens em transportes públicos, comparando com 48% nos outros residentes. Os dados indicam que 42% dos utilizadores da app também combinam viagens de bicicleta com transporte público. No fim de contas, quem viaja com Whim usa uma maior variedade de serviços de transporte e tem padrões de mobilidade mais sustentáveis, conclui o estudo.
“Os utilizadores de Whim parecem estar mais abertos a combinar diferentes opções de mobilidade e a experimentar novos serviços, como bicicletas citadinas”, refere Jukka-Pekka Pitkänen, diretor de mobilidade inteligente da consultora Ramboll. “Eles usam táxis como serviço para o primeiro e último quilómetro três vezes mais do que o típico residente de Helsínquia”, diz. “Se este comportamento se tornar mais comum, vai ajudar as cidades a resolver os seus problemas de congestionamento, tornar as zonas urbanas mais amigas dos peões e ajudar as cidades a ir ao encontro dos seus objetivos de sustentabilidade.”
Ana Rita Guerra
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