24 Horas de Nurburgring, Félix da Costa: “Até ao momento do acidente éramos o BMW que apontava para acabar mais à frente”

28/05/2017

Apesar do resultado, António Félix da Costa faz um balanço positivo das suas primeiras ’24 Horas’, que acabaram por ser apenas dezoito, mas que deixaram sinais muito encorajadores para o futuro. Os responsáveis da BMW quiseram ver como se saía o piloto luso num teste tão difícil como é este do Nordschleife, e a verdade é que Félix da Costa sai do Inferno Verde de cabeça bem erguida. Não só foi dele o melhor tempo da equipa, o que não é fácil para um rookie nas 24 Horas de Nurburgring/Nordschleife,

“Quanto às impressões positivas, é que provavelmente o carro menos experiente dos oito da BMW, até ao momento do acidente éramos claramente o que apontava para acabar mais à frente. Acho que conseguimos surpreender pela positiva todas as pessoas que eram importantes serem surpreendidas, e mesmo depois da desistência o apoio que tivemos da marca foi grande e isso é consolador. Mas acaba por ser um fim um bocadinho inglório mas adorei a experiência no geral, é para repetir sem dúvida, gostava que a minha carreira fosse nesta direção do endurance, acho que é um mundo que tem muito para dar, é o futuro. Se repararem as outras categorias estão a morrer mais e pelo contrário, o endurance continua a crescer. Se olharmos para o que era esta corrida das 24 Horas de Nurburgring há dez anos, o apoio das marcas que há hoje em dia, é enorme, isto já é quase oficial e por isso acho que sim, seria um bom caminho…” começou por dizer Félix da Costa, que ficou contente: “Muito contente por estar aqui, a nível de andamento foi uma boa primeira experiência, o resultado foi o que foi mas faz parte…”

Depois, o jovem piloto luso falou-nos do que é disputar estas 24 Horas no Inferno Verde: “A primeira vez que saí do carro depois do meu primeiro stint, disse ‘uau’! Já tínhamos falado sobre isto porque temos que ir com uma mente completamente limpa e não é por passarmos por cinco pilotos que o sexto nos vai deixar passar também. Cada caso é um caso e foi assim que abordei a corrida, houve vezes que correu bem outra um bocadinho pior, ganhei ou perdi menos tempo, era consoante os casos, mas acho que é o mesmo para todos, numa corrida destas há também que

ter sorte, houve alturas em que os dois primeiros já tinham passado uma zona e depois eu chego lá vejo uma bandeira amarela e tenho que ir a 120 Km/h. Perdia tempo aí mas depois era com eles por isso é muito fácil dizer, tive azar neste stint, apanhei não sei quantas bandeiras amarelas e outros não mas a sensação que me dá é que no final é mais ou menos igual para todos. Manter a calma em situações difíceis é complicado, mas na minha equipa fomos muito fortes. Mesmo antes da corrida começar, combinámos o que era preciso cada piloto fazer e acho que fui bem batizado, tive uma boa preparação antes da corrida começar, lidei bem com todas as situações dentro do carro houve ali alguma situações mais complicadas, sempre a falar com calma no rádio, a alertar, como no caso que me aconteceu com um TCR e rebentámos um pneu, aliás na boxe acabámos por nem perder quase nada foi só o tempo de ir à boxe com um pneu furado por isso é importante nessas altura difíceis manter a calma e acho que reagi bem” revelou Félix da Costa, que se mostrou impressionado com a prestação de Augusto Farfus, que, recorde-se, correu por duas equipas da BMW: “O que aconteceu com o Augusto (Farfus) foi a ultrapassar um carro mais lento, um Aston Martin GT4, ele assumiu que o piloto do carro já o tinha visto e mandou-se lá para dentro, mas o outro carro entrou para o apex da curva como se o Augusto não estivesse lá, exatamente como aconteceu comigo, só que infelizmente acertou-lhe ainda muito à frente o Augusto disse que sentiu o toque, que foi relativamente forte, mas que o carro ficou ok, ainda fez mais um quilómetro, mas quando chegou a Breidscheid quando travou partiu a suspensão e acertou nos rails muito depressa e obviamente foi o fim. Será que partiu pelo toque, ou será que partiu por desgaste, de 18 horas de corrida, não se sabe, provavelmente foi pelo toque, mas quando eu tive o toque, e saí do carro o Augusto foi o primeiro a acalmar-me “acontece, é assim mesmo” e depois como dizes, foi o piloto mais experiente da equipa. Por outro lado, o Farfus estava em dois carros, e estava farto de guiar, tinha uma média de descanso de duas horas entre stints duplos, e por isso creio que não seja fácil. Nós lá dentro assumimos que está tudo bem, por isso crédito máximo para o Augusto, levou-nos às costas, foi a grande força da equipa, está sempre tudo bem para ele, zero apontar dedos por ter sido nas mãos deles, isto pode acontecer a qualquer um, na última curva da corrida a quem vai em primeiro, isto é Nordschleife”…

Por fim, em jeito de provocação, perguntámos-lhe se o novo BMW M8 GTE é bonito, e a resposta foi perfeita: “Não sei nada disso, nem imagino o que estás a falar…” disse Félix da Costa, que é tão bom a guardar segredos como a pilotar…