Christian Horner tem a mesma opinião que muita gente, ao achar que seria ‘desagradável’ a Mercedes continuar a dominar a Fórmula 1 e acha que a Liberty devia agir nesse sentido. É um assunto que tem dividido opiniões, pois há a corrente dos que entendem que uma equipa que se destaca por um qualquer motivo não deve ver ‘cortado’ o seu avanço, só porque sim, enquanto outra corrente de opinião entende que os automóveis são um espetáculo, e como tal isso não se coaduna com uma equipa vencer 51 de 59 Grandes Prémios em três anos. Isto é basicamente o confronto da ideologia norte-americana, que dá privilégio ao espetáculo e a europeia, que trata a F1 como o desporto que é. Se alguém trabalhou melhor, ganha mais vezes…

Seria muito fácil trazer para aqui argumentos a favor duma ou doutra parte, mas não é isso que se pretende. Basicamente, é fazer as pessoas pensar no assunto. A verdade é que as equipas querem – porque sentem que é preciso – tornar a F1 mais competitiva e mais atrativa para os adeptos, e Christian Horner é mais um chefe de equipa que diz isto publicamente, defendendo que algo deve ser feito para parar a superioridade da Mercedes.

No entanto não nos podemos esquecer que quando a Red Bull dominava a F1, em 2011 ganhou 18 dos 19 Grandes Prémios, e nessa altura Horner não tinha a mesma opinião. Apesar disso, o britânico mostra-se preocupado, não só pelos fãs, mas também pelos novos proprietários do desporto, temendo que o domínio das flechas de prata comprometa o seu investimento: “É desagradável pensar nisto por mais três anos”, disse ao The Guardian. “Os novos proprietários da F1 sabem bem como montar um grande espetáculo e tornar uma competição boa e saudável. Isso não pode ser feito artificialmente”, continua, “mas ficaria surpreso se eles permitirem um domínio total como nos últimos três anos”.

Enquanto os testes de pré-época sugerem que a Ferrari pode representar uma ameaça para a equipa alemã, muitos acreditam que a Mercedes continua a ser a referência e poucos apostam contra o quarto título consecutivo dos alemães. Horner não admite fazê-lo artificialmente, por exemplo, com penalizações ou handicaps, “seria mau para a F1”. “Como se impede que isto aconteça? Não sei”, admite. “Seria errado atrasar alguém artificialmente, temos de trabalhar duro para colocá-los sob pressão”.

Rodrigo Fernandes/AutoSport