Pequeno, dócil e uma bela companhia para viagens descontraídas em que, em certos momentos, queiramos dar o ar da nossa graça.

A sigla GT faz sobressaltar de imediato a curiosidade em qualquer carro. Aliar esta a um pequeno Twingo faz adensar a incógnita. O que é que nos espera? Ao olhar, um traje de gala a rigor, sem excessos. O Twingo veste um estilo desportivo, devidamente marcado, mas não em demasia. Desde a pintura laranja (opcional de 340€ que lhe assenta na perfeição) com faixas pretas ao longo da carroçaria – tejadilho, capot e laterais – à entrada de ar na lateral e inserções Renault Sport na traseira, em que encontramos um difusor e uma dupla ponteira de escape, tudo adoça o desejo de tomar o volante e seguir viagem. No interior deparamo-nos com um pragmatismo no conceito, em conformidade com o exterior. Os traços simples e funcionais de um pequeno citadino, sem floreados, de quem vai direto ao assunto. Ao abrir de porta somos convidados a entrar atraídos pelo ‘laranja pimenta’ que dá cor a vários  pontos do habitáculo, tentados a dar à chave movidos a experimentar os bancos com apoio lateral, os pedais em alumínio, o punho da alavanca da caixa de velocidades em liga zamac, e guiados pelas soleiras das portas com assinatura Renault Sport. Já bem seduzidos pelo mundo encantado do Twingo, fomos à descoberta da sua essência…

BRINCAR ÀS CORRIDAS
O Twingo parece não fazer mal a qualquer mosca, mas o trabalho da Renault Sport tem naturalmente as suas consequências. O pequenino motor TCe de 898 cc e três cilindros sofreu um incremento de potência de 20 cv para passar a debitar uns 110 motivos capazes de nos fazerem subir a pulsação neste ‘tudo atrás’ – tração e motor.

Sem ornatos, apresenta-nos unicamente dois modos de condução, eco e normal. De um para outro nota-se um ligeiro encorpar de potência. No normal, o ideal para darmos vida ao seu lado GT, há um ligeiro e prazeroso ‘ralhar’ proveniente da dupla ponteira de escape que lhe atribui carácter visual. Dela emana um som agradável e que nos impele a pisar o acelerador. Aí a potência torna-se viva e dá gosto ser explorada. As suas pequenas dimensões – comprimento 3595 mm; largura 1660 mm; e altura 1538 mm – aliadas a um motor proporcionalmente generoso, são garante de momentos de prazer. Em curva desenvencilha-se bem e os travões estão à altura dos acontecimentos.

A tudo isto ajuda a boa posição de condução, confortável no sentar, fazendo parecer ter sido feita à medida de cada um. A suspensão é eficaz. Sente-se a dureza dos embates, com uma oscilação notada no carro mas não sentida no corpo. A caixa, de relações curtas, e o facto de o Renault Twingo GT ter sido rebaixado 20 mm face às versões normais, equipando-o com novas suspensões, convertem-no quase num kart para desfrutarmos no dia a dia. Essa é outra das suas valias. Não é todos os dias que temos um GT que pode ser o nosso carro de serviço, porque os consumos geralmente a eles associados fazem-nos pensar. Aqui é diferente. Numa condução dentro dos limites legais e sem nunca pisarmos o acelerador, conseguimos consumos na ordem dos 5,6 l/100km, que sobem para médias de 7,5 l num ritmo despreocupado. Torna-se interessante ver que em termos de consumos instantâneos, explorando tudo o que ele tem para dar, estes chegam à casa dos 20 l, mas certamente também todos gostamos de jantar fora e não o fazemos diariamente, por isso, não é grave.

Algo de que se sentiu foi de um conta-rotações. Falando-se de um GT, é sempre bom vermos um ponteiro subir, nem que seja apenas pelo lado hedonista da condução, nos momentos de maiores euforias ao volante. Mas mesmo o melhor traje pode ter linhas soltas, o que não lasca em nada o conjunto. Nota para a condução em autoestrada que, quando o vento está mais presente, e acima dos 110 km/h, faz abanar o Twingo a um ponto que pode significar uma oscilação para a outra faixa, e que nos obriga a um cuidado redobrado. Desligando o motor e passando a olhar pela ficha técnica, percebemos que as sensações ao volante tiveram razão de ser. Em mãos temos uma relação peso/potência de 8,5 kg/cv que se traduz por 9,6s dos 0 aos 100 km/h. Na fatura são precisos 15.480€, um valor que se adequa perfeitamente ao que o Twingo GT tem para oferecer… de diversão.

Mais: Preço; Imagem; Diversão
Menos: Estabilidade com vento; rigidez dos bancos;

Preço:  15.480€

 Ficha técnica

Motor 3 cil. Em linha, traseiro transversal, injeção direta, turbo, intercooler 898 cc
Potência 110 cv/5750 rpm
Binário 170 Nm/2000 rpm
Transmissão traseira, caixa manual de 5 vel.
Suspensão tipo McPherson com molas helicoidais à frente e eixo de torção com molas helicoidais atrás
Travagem DV/Tambor
Peso 1055 kg
Mala 174l
Depósito 35l
Vel. Máx. 182 km/h
Aceleração 0 aos 100 km/h 9,6s
Consumo médio 5,2 l/100 km
Consumo médio AutoSport 5,6 l/100 km
Emissões CO2 115 g/km

André Duarte

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