F1, Eric Boullier: “Eles estão três anos atrás da Mercedes, Renault e Ferrari”

06/03/2017

O Diretor de Corrida da McLaren, Eric Boullier veio a público confirmar o que toda a gente sabe. Na McLaren todos estão desapontados pelo que está a suceder com a Honda, que depois de um começo mau (2015) recompôs-se prometedoramente (2016) mas quando se esperava que tivesse ultrapassado os seus problemas e desse início a uma nova era na parceria com a McLaren, eis que tudo volta, talvez não à estaca zero, mas bem atrás: “Ainda é cedo, mas tínhamos expetativas bem mais elevadas à chegada a Barcelona, mas esta semana não correu como esperávamos. Há muito trabalho para ser feito pela Honda, para saber a razão dos problemas, que não estávamos nada à espera de voltar a ter, nem a própria Honda. Apesar de estar em bastante melhor situação que a época passada por esta altura, muito francamente não é suficientemente bom tendo em conta as nossas expetativas e dos nossos adeptos, depois de três anos”, começou por dizer.

Na verdade, os japoneses tinham antevisto um crescimento da competitividade da sua unidade motriz para níveis da Mercedes do ano passado, uma fasquia que a todos pareceu elevada, mas que os responsáveis da Honda assumiram. Contudo, com os problemas de Barcelona, foi impossível perceber se realmente o motor está muito mais forte que em 2016, ou nem por isso. O que se sabe agora é que a fiabilidade continua má: “No passado a falta de potência do motor, de 30, 40 ou 50 cv podia ser compensada com um bom chassis, mas neste momento isso não é possível, pois o motor tem este ano bastante mais importância na performance. Mas estas unidades motrizes não se tratam apenas de potência, mas também da forma como esta surge, a qualidade da recuperação de energia, a estratégia utilizada para a sua ‘entrega’, algo que não sabíamos de início e fomos descobrindo o ano passado. E é por causa disso que a Mercedes ainda está na frente, porque continuam a descobrir coisas mais rapidamente que todos os outros. É dessa forma que existe uma diferenciação de performance maior do que no passado” disse Bouiller, que é de opinião que a Honda está muito atrasada: “Eles estão três anos atrás da Mercedes, Renault e Ferrari, que começaram em 2010. Todos eles tinham uma organização, e todos já faziam motores de F1. Em 2013, a Honda decidiu regressar à Fórmula 1, e começou do zero. Edifícios vazios! Tiveram que ‘construir’ tudo e encontrar as pessoas certas. Portanto, para ser justo, basta ver que há construtores que já levam sete anos disto e ainda têm dificuldades com a tecnologia. A Honda começou quatro anos depois… Estas unidades motrizes são muito complicadas, não há atalhos, tem que ser passo a passo” disse Bouiller, deixando claramente a ideia que neste contexto a parceria não tem forma de continuar por muito mais tempo, pois a McLaren não se pode dar ao luxo de tão longa travessia do deserto sob pena de, a cada ano que passa, ser mais difícil regressar ao topo.

José Luís Abreu