Na verdade, os japoneses tinham antevisto um crescimento da competitividade da sua unidade motriz para níveis da Mercedes do ano passado, uma fasquia que a todos pareceu elevada, mas que os responsáveis da Honda assumiram. Contudo, com os problemas de Barcelona, foi impossível perceber se realmente o motor está muito mais forte que em 2016, ou nem por isso. O que se sabe agora é que a fiabilidade continua má: “No passado a falta de potência do motor, de 30, 40 ou 50 cv podia ser compensada com um bom chassis, mas neste momento isso não é possível, pois o motor tem este ano bastante mais importância na performance. Mas estas unidades motrizes não se tratam apenas de potência, mas também da forma como esta surge, a qualidade da recuperação de energia, a estratégia utilizada para a sua ‘entrega’, algo que não sabíamos de início e fomos descobrindo o ano passado. E é por causa disso que a Mercedes ainda está na frente, porque continuam a descobrir coisas mais rapidamente que todos os outros. É dessa forma que existe uma diferenciação de performance maior do que no passado” disse Bouiller, que é de opinião que a Honda está muito atrasada: “Eles estão três anos atrás da Mercedes, Renault e Ferrari, que começaram em 2010. Todos eles tinham uma organização, e todos já faziam motores de F1. Em 2013, a Honda decidiu regressar à Fórmula 1, e começou do zero. Edifícios vazios! Tiveram que ‘construir’ tudo e encontrar as pessoas certas. Portanto, para ser justo, basta ver que há construtores que já levam sete anos disto e ainda têm dificuldades com a tecnologia. A Honda começou quatro anos depois… Estas unidades motrizes são muito complicadas, não há atalhos, tem que ser passo a passo” disse Bouiller, deixando claramente a ideia que neste contexto a parceria não tem forma de continuar por muito mais tempo, pois a McLaren não se pode dar ao luxo de tão longa travessia do deserto sob pena de, a cada ano que passa, ser mais difícil regressar ao topo.
José Luís Abreu