Pressão sobre as provas do WRC intensifica-se

24/09/2017

Assim que os polacos souberam que saíram do calendário do WRC, não perderam muito tempo e emanaram um comunicado insurgindo-se contra a decisão.

Numa nota assinada pelo Diretor do Rali, Jaroslaw Noworol: “Na opinião da FIA a última edição do Rali da Polónia não cumpriu os requisitos de segurança devido a falhar no controlo dos serviços de apoio à prova e também devido ao comportamento dos adeptos. Como organizadores do rali, assumimos a total responsabilidade pelas situações que aconteceram e que levaram a uma apreciação negativa da segurança. Estas situações foram resultado de erro humano, e não devido à nossa negligência como organizadores. Não desistiremos de tentar regressar à elite dos ralis nos próximos anos. Já estamos a trabalhar no desenvolvimento de um novo conceito de segurança, num trabalho que está a ser feito em conjunto com o Departamento de Segurança da FIA. Estamos igualmente a trabalhar para que as autoridades e parceiros apoiem ainda mais o Rali da Polónia, pois sem eles é impossível levar a cabo uma tarefa deste calibre”, disse.

Numa altura em que o Promotor e a FIA visam alargar o âmbito do Mundial de Ralis, o que aconteceu com o Rali da Polónia foi o pretexto que a FIA e o Promotor precisavam para fazer sair uma prova do campeonato e colocar lá outra. Isto mostra claramente que a pressão sobre algumas das provas do atual calendário é grande e no que ao Rali de Portugal diz respeito, é bom que todos os envolvidos neste evento percebam, nomeadamente os adeptos, que todos temos que contribuir a cada ano que passa que esta prova seja cada vez melhor, e contribuir também com as nossas ações para que erros destes como os que os polacos cometeram – o carro dos bombeiros a entrar no troço e o mau comportamento do público – não existam em Portugal seja em que circunstância for. Isso significaria colocarmos-nos muito a ‘jeito’…

O calendário de 2018 tem novamente 13 provas, quanto muito as equipas aceitarão mais uma, e mesmo isso não é líquido que assim seja, por isso, quando existirem provas em condições de entrar, tal como a China, a Croácia que já tem prevista a sua entrada em 2019, tal como o AutoSport já escreveu aqui, a pressão vai intensificar-se.

Por tudo isto, todo o cuidado é pouco. Como se sabe, há provas que muito dificilmente perderão o seu lugar no calendário, por vários motivos, enquanto outras estarão sempre mais expostas. Quanto a Portugal, o motivo principal é sempre o mesmo. ‘Contamos’ pouco como mercado interessante para as marcas, mas por outro lado temos atributos que mais ninguém tem, quanto à qualidade da prova.

Acompanhando o calendário, e entre as provas que muito dificilmente sairão, está por exemplo o Monte-Carlo, por tudo o que significa para a competição, a Suécia sendo um rali de inverno, só seria eventualmente substituída por outro do mesmo estilo (Canadá, Noruega). O México assegura a América do Norte, a França é um país muito forte, a Argentina, assegura a América do Sul, Itália é importante como mercado, mas já não é o que era. A Finlândia é ‘o rali do ano’ para a caravana do WRC, a Alemanha muito importante como mercado e por ser um país com as marcas que possui, a Turquia dos mais importantes mercados euro-asiáticos, a Grã-Bretanha e Espanha também são muito fortes e por fim a Austrália que assegura a Oceania.

De fora estão países como a Nova Zelândia, que deverá regressar alternando com a Austrália, o Japão, Canadá, de quem já se falou recentemente, os EUA, que não têm cultura de WRC, o Brasil, que há uns anos fez muita força, mas depois a economia deteriorou-se muito e o interesse esmoreceu. A China vai entrar, mais ano, menos ano, fala-se da vontade de regressar a África (África do Sul). Por tudo isto, os próximos anos serão importantes, e quanto à parte que nos ‘toca’ não convém mesmo facilitar…

Martin Holmes/JLA