Enzo Ferrari contava os seus últimos dias de vida e, por fim, a Scuderia via aparecer, no seu retrovisor, outras grandes marcas, que ameaçavam tornar-se concorrentes no segmento dos super desportivos.
Assim, a Ferrari decidiu comemorar o seu 40º aniversário com o lançamento de um automóvel em que fosse possível sentir a performance, proporcionando aos clientes um modelo aglutinador do saber alcançado nas competições. Surgiu o F40, F de Ferrari e 40 de quadragésimo aniversário.
Apresentado no Salão de Frankfurt de 1987, o F40 foi o último projecto que o Commendatore Enzo Ferrari acompanhou, embora, na sua ideia, os seus automóveis de estrada fossem um meio de adquirir fundos para os custos das corridas.
Assim, a tecnologia estava apenas presente no motor e na carroçaria de materiais compósitos. Fibra de carbono, Kevlar e Nomex, aliados à ausência de luxos e equipamento supérfluo, permitiram obter enorme resistência com baixo peso. De referir, por exemplo, a ausência de revestimento das portas, cuja abertura é feita por um cabo, ou mesmo as janelas com abertura deslizante e em material plástico.
Pininfarina foi o responsável por este design intemporal em forma de cunha, onde sobressaem as entradas de ar, um aerofólio de estabilização traseiro, invertido e que proporciona uma força descendente na traseira para maior aderência.O chassis é uma estrutura de tubos de aço integrados com elementos compósitos, incorporando o arco de segurança. O motor encontra-se colocado na parte central traseira, logo atrás dos bancos e imediatamente à frente do eixo de tracção, proporcionando uma boa distribuição das massas.
A sobrealimentação do motor é feita por dois turbocompressores IHI, um por cada linha de cilindros e ligados a uma válvula Waste-Gate da Ferrari. A ignição é fruto do desenvolvimento conjunto da Ferrari e da Magneti Marelli. A injecção e a ignição efectuavam a função de injecção sequencial através de uma aspiração com borboletas múltiplas. De acordo com o estudo efectuado na Fórmula 1, a posição das borboletas era conjugada com o regime de rotação do motor e a pressão do turbo. Os travões e a direcção não são assistidos, para que o condutor possa sentir as emoções deste verdadeiro supercarro. A suspensão é independente, com quadriláteros transversais e molas helicoidais, tendo sido desenvolvida pela Koni. Existe a possibilidade de ser regulada em três posições, consoante a velocidade – alta para a cidade, média para auto-estrada e baixa para condução desportiva.
A caixa de velocidades possui uma engrenagem de transmissão, o que lhe permite baixar o centro de gravidade em cerca de sete centímetros. Os travões são constituídos por discos ventilados e perfurados com maxilas em liga de alumínio de quatro êmbolos. O depósito de combustível era de enchimento rápido, construído em liga leve, dividido em duas células e capacidade de 120 litros.
Em andamento, os ruídos produzidos pelas generosas dimensões dos Pirelli P-Zero unidireccionais e pela turbulência aerodinâmica são transmitidos para dentro do habitáculo que está desprovido de isolamento, quase que conseguem sobrepor-se ao trabalhar do motor.
Podemos dizer que o F40 era um misto de tradição e futurismo, aliando a atracção pelo “desconforto” dos veículos de competição e o prazer dos Grande-Turismo.
Este e outros modelos icónicos da Ferrari podem agora ser visitados na exposição temporária “Ferrari: 70 anos de paixão motorizada”, patente no Museu do Caramulo.
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