VW Golf 1.0 TSI: Na conta certa

27/01/2017

 

Três cilindros e um litro de capacidade chegam para o novo Golf 1.0 TSI se afirmar como alternativa ao campeão de vendas 1.6 TDI. Pode não conseguir igualar os consumos do diesel, mas é mais potente e custa menos 4112€

Não é fácil para um motor a gasolina impor-se num segmento como o C, largamente dominado pelos diesel. Implica uma mudança de mentalidades que, apesar de já estar em curso, impulsionada pelo “downsizing” dos motores e correspondente baixa de preços, ainda está longe de concluída. No entanto, a chegada de novos blocos a gasolina, como o 1.0 TSI de 115 CV, pode tentar até o mais convicto dos adeptos do diesel. Veja-se o caso do VW Golf.

Quando se pensa em Golf, pensa-se no 1.6 TDI de 110 CV com o nível de equipamento GPS Edition. O campeão de vendas da gama, com um preço de 28 355€. Anda bem, gasta pouco e tem um nível de equipamento adequado ao preço. É difícil de resistir, pelo menos até se olhar com atenção para o novo motor de um litro a gasolina. Tem mais cinco cavalos. Como utiliza uma caixa de seis velocidades com as relações mais curtas anda melhor do que o TDI, limitado por uma interminável caixa de cinco velocidades. E o que dizer da adequação do nível de equipamento ao preço, quando a mesma versão GPS Edition custa 24 243€? Menos 4112€! É verdade que, em vez dos 3,8 l/100 km do diesel gasta 4,3 l/100 km. Mais meio litro. O que significa que o investimento inicial no diesel só é recuperado ao fim de 183 848 km. Para dificultar ainda mais a argumentação dos defensores do gasóleo, apesar de emitirem os mesmos 99 g/km de CO2, a menor cilindrada do gasolina mantém o IUC nos 97,82€, enquanto o TDI paga 130,10€.

Desenvolvido com o objetivo de substituir o bloco 1.2 TSI de quatro cilindros e 110 CV, o novo 1.0 TSI pertence à nova geração de motores de três cilindros, silenciosa e bem isolada. É preciso levar as mudanças ao limite para reconhecer a sonoridade e sentir as vibrações caraterísticas daquela arquitetura.

A AJUDA DO ALUMÍNIO

Em condução normal é praticamente impossível dizer se tem três ou quatro cilindros. Mas tem três e bloco em alumínio, o que lhe permite poupar 10 kg face ao bloco que substitui. Turbo e injeção direta de gasolina a 250 bar permitem aumentar o binário dos 175 Nm para os 200 Nm. O regime máximo é atingido às 2000 rpm, estando 175 Nm disponíveis desde as 1500 rpm. Garantia de maior vivacidade, a caixa de seis velocidades permite ao 1.0 TSI bater o popular 1.6 TDI, com caixa de cinco, em todas as nossas medições. Gasta mais 0,9 segundos no arranque até aos 100 km/h.

Como acontece com a generalidade dos motores a gasolina de baixa cilindrada da VW, não é o turbo que lhe vai animar a resposta nos regimes baixos. Não chega a ser lento, mas podia ser um bocadinho menos progressivo. Uma suavidade que é bem-vinda na condução diária. A caixa tem o tato rápido e preciso das transmissões VW e um escalonamento adequado para conduzir em cidade sem parecer um piloto de F1 no Mónaco, sempre a passar de caixa.

O para-arranca do motor funciona na perfeição, mas nem por isso evita que os consumos subam a uns expressivos 7,8 l/100 km. Em estrada, dando bom uso à sexta, não custa baixar a média para os 4,6 l/100 km. A autoestrada também não é terreno a evitar, com a média a registar uns saudáveis 5,7 l/100 km. No final, feita a ponderação, são 6,5 l/100 km. Valor perfeitamente aceitável. E não só é mais rápido que o 1.6 TDI como é agradável de conduzir. Com a frente mais leve, devido ao peso reduzido do motor, e a carroçaria rebaixada 15 mm, como os demais Bluemotion, o Golf 1.0 TSI não vacila perante as curvas e só não é mais divertido porque tem apenas 115 CV e uma vocação marcadamente utilitária.

VEREDITO

Ao motor 1.0 TSI não faltam argumentos para fazer a gasolina recuperar posições no mix de vendas. É mais barato, silencioso, rápido, agradável de conduzir e ainda paga menos IUC. Uma alternativa real à ditadura diesel.

 

Texto Ricardo Machado/Turbo

Fotografia José Bispo

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