Depois das praias selvagens das Fiji, regresso a Darwin

20/07/2017

No dia seguinte à sessão desportiva arranquei, da parte da tarde, para uma pequena ilha a Sul, já perto da “main land”, como eles chamam à ilha maior, onde está a capital e o aeroporto.

Levantou-se vento e o mar estava muito picado, com o enorme e rápido catamaran a levantar voo entre as ondas e o comandante a pedir para ninguém se levantar dos bancos.

A Bounty Island, onde desembarquei, é pequena e o “resort” a única construção existente. De mais fraca qualidade que os outros onde estive antes, fiquei quase acampado. A maioria das cadeiras de praia não tinha colchões, as refeições eram beras, enfim, o que valia era a paisagem selvagem.

Tive que pedir um segundo lençol porque na camarata com beliches só tinha o de baixo e na primeira noite fui atacado por insectos, provavelmente pulgas saídas do cobertor. Acordei num estado lastimável. No dia seguinte foi a vez de uma miúda suiça linda, que dormia ao meu lado, estragar aquela pele maravilhosa. Fazia dó.

Para piorar a situação uma inglesa trintona, que não se calava, decidiu pôr o despertador para as cinco. Pelas oito e meia voltou ao quarto pedir-me desculpa, com a explicação que quis ir ver o nascer do sol.

— O nascer do sol sou eu a acordar, não precisava de sair do quarto, respondi-lhe.

No segundo dia acordei com dores nas costas e fui salvo por uma massagista local que me tratou na praia.

Enfim, não se passou muito bem a visita a esta ultima ilha, mas sempre foi bem melhor que ficar em Darwin a pintar grades e jogar golf. Sem haver maneira da moto chegar, arrependi-me de não ter ficado mais dias nestas ilhas fabulosas, mas não podia mudar o voo.

Pelas cinco da tarde dois “locals” levaram-me no pequeno fora de bordo do “resort” a outra pequena ilha, distante de umas três milhas daquela, onde apanhei o catamaran grande para regressar à “main land”. No dia seguinte de manhã tinha o voo de regresso à Austrália.

Marquei cama no mesmo sítio onde tinha ficado quando da chegada a Nadi. Na recepção disseram-me que só tinha outra pessoa no quarto. Quando lá cheguei não queria acreditar. Era a “minha” gorducha australiana que estava tal e qual como a tinha deixado nove dias antes, deitada na cama a ver filmes no computador. Talvez um pouco mais gorda.

Gostei de a ver e perguntei-lhe se por ali tinha ficado todos aqueles dias em vez de ir para as ilhas. Confirmou que sim e que visitou uma ou outra mais perto mas ao fim do dia voltava sempre à sua cama/sala de cinema.

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*Francisco Sande e Castro está a dar a volta ao mundo de moto e M24 publica o seu diário de bordo. Acompanhe-o nesta grande aventura

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