Fashion victim em Teerão

29/12/2016

Ontem conheci uma miúda muito simpática, quando estava à procura de um fotógrafo. Ela insistiu em acompanhar-me à loja e ficou à espera que eu tirasse a fotografia, para ver se tinha ficado tão giro como sou ao vivo.

A seguir parti para a embaixada da Índia e pediu-me o meu numero de telefone. Ligou mais tarde e combinámos que hoje me iria mostrar a cidade. Fui ter com ela ao local onde nos tínhamos encontrado no dia anterior, junto a uma estação de metro, e lá estava a miúda, impaciente. Levou-me até junto a um carro, mandou-me entrar para trás, sentou-se ao meu lado e apresentou-me a condutora …. a sua mãe. Não queria acreditar, mas já não podia fugir. A mãe era uma mulher forte e grande que, se me desse uma lambada, virava-me ao contrário. Tinha o cabelo pintado de loiro e botox na boca. Assustadora. Soube depois que o marido era militar e morreu na guerra, se calhar feita por ela.

Lá partimos os três, eu e a miúda sentados no banco de trás e a mãe ao volante, não para a programada visita à cidade, mas a caminho de um centro comercial onde a mãe pretendia fazer compras.

O centro comercial era daqueles que poderíamos ver num sítio como a Amadora, bastante pindérico, mas que a miúda me disse ser fantástico. Quando lá chegámos ficou muito espantada por eu não estar encantado com aquilo e não se cansava de me mostrar todas as “maravilhas” que lá havia como uns copos em vidro pintado e lojas iguais a todas as outras.

A mãe, supostamente viciada em compras, enfiou-se numa sala de provas onde mal cabia a tentar enfiar uns jeans. De vez em quando chamava a filha para lhe perguntar se estavam bem e calculo que os conseguiu vestir porque acabou por comprá-los.

De ali partimos para uma sapataria à procura de um par de sapatos que desse com os jeans. A filha continuava a dizer que a mãe passava a vida em compras. De vez em quando a mulher punha um comprimido ao bucho. A filha explicava que era por ter muito stress e eu só pedia que ela fosse tomando muitos daqueles comprimidos para não ter stress nenhum, porque quando escolheu um par de sapatos “foleiro a olho” e me pediu a opinião eu disse que não gostava muito e aí deixou de ser simpática.

Antes tinha-me convidado para um jantar de amigos onde haveria vinho e whisky. Eu perguntei à filha se ia e ela disse que claro, se eu ia ela também vinha. A mãe não gostou e passado pouco tempo o jantar já se tinha evaporado. Acabámos por almoçar à pressa e deixou-me num táxi.

Entretanto a filha tinha combinado irmos amanhã fazer ski, numa montanha aqui perto. Já me mandou mensagem para nos encontrarmos amanhã à mesma hora.

Será que vou poder ir outra vez no banco de trás?

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*Francisco Sande e Castro está a dar a volta ao mundo de moto e M24 publica diariamente o seu livro de bordo. Acompanhe-o nesta grande aventura

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