Moto na jangada pelo rio Mekong acima

11/03/2017

Continuei a rodar para Sul, sempre perto das margens do Mekong. A estrada nº 13, que sai da capital a caminho do Cambodja tem bom piso e são quase tudo grandes rectas. Para variar deixei-a por duas vezes e percorri troços de cerca de cem quilómetros por estradas secundárias que passavam mais perto do rio.

Parei na cidade de Paksé, num excelente hotel de 4 estrelas onde a diária foram 20 dólares. No dia seguinte, parti primeiro visitar umas quedas de água e da parte da tarde as espetaculares ruínas  Wat Phu do que foi um imponente templo Khmer do século XII, hoje classificadas como património da humanidade pela Unesco.

Quando ali chegava parei junto de duas turistas que vinham de bicicleta desde a “Guest House” em que se tinham instalado, a meia dúzia de quilómetros, para lhes perguntar o caminho e acabámos por passar três dias juntos, primeiro nesta visita às ruínas e depois numa ilha onde combinámos encontrar-nos.

Elas partiram de manhã num autocarro e eu deixei o hotel pelas onze da manhã. Como agora estava do lado ocidental do Mekong e a passagem para a outra margem por uma ponte obrigava-me a percorrer mais cem quilómetros, segui a sugestão da dona do hotel e apanhei o que ela chamava um “ferry” que transportaria a moto. Não eram mais que duas barcaças, presas uma à outra através de um estrado em madeiras, que dobravam sob o peso da moto. Enquanto atravessava o rio, num trajeto de cinco minutos, pensei no que aconteceria se as tábuas se partissem. Acabaríamos eu e a “CrossTourer” afogados pois com o fato da moto e botas seria impensável conseguir nadar e colete ou bóia naquelas embarcações é coisa que nem sabem o que é.

Na outra margem rodei mais cerca de 120 Km para Sul onde apanhei novo “ferry” do mesmo estilo para uma das famosas “4.000 islands” que se formaram naquela parte do Rio Mekong junto à fronteira do Laos com o Cambodja.

São um salpicar de ilhas, muitas delas inabitadas, que formam uma paisagem deslumbrante. Os empreendimentos que a população construiu para albergar os turistas são rústicos, quase todos em madeira, com telhados de colmo ou zinco. Tudo aquilo tem um ar muito hippie e um ambiente de total relax.

Fui para a ilha de Don Det onde as minhas amigas se tinham instalado nessa manhã.

O desembarque é feito na praia de maneira que foi um festival para subir com a moto pela areia seca. Ao princípio ganhei balanço e ainda fui avançando, mas às tantas enterrou-se e só com a ajuda de turistas que estavam na praia ou no bar e umas tábuas que pusemos por baixo, consegui trazer a moto para cima. A ilha de Don Det tem uns quatro quilómetros de diâmetro e está ligada por uma ponte à de Don Khon que tem mais sete ou oito.

Almocei logo ali num bar junto à praia e da parte da tarde encontrei-me com as minhas amigas noutro bar. Jantámos sobre o rio e à noite fomos a uma sensacional festa na praia, com música dos anos 70, onde dançámos à volta de uma fogueira.

No dia seguinte partimos os três na moto para a outra ilha e passamos o dia numa pequena praia junto ao que dizem serem as maiores cascatas da Ásia, que se formaram quando um braço do rio entrou ilha dentro. A altura a que cai a água não é muito elevada mas estendem-se por um grande espaço com diferentes quedas de água. Jantámos com mais duas amigas que conhecemos nesse dia e despedimo-nos. No dia seguinte elas ficavam pela zona e eu seguia para o Cambodja.

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*Francisco Sande e Castro está a dar a volta ao mundo de moto e M24 publica o seu diário de bordo. Acompanhe-o nesta grande aventura

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