Passagem para a Índia e tigres nem vê-los

18/02/2017

Ontem tive que deixar o Butão porque o visto acabava. No dia anterior tinha tido uma divertida noite na companhia do meu guia e do gerente do hotel. Estive de manhã na Internet, onde já não conseguia ir há uns dias, e acabei por arrancar só ao meio dia. Demorei três horas e meia a fazer os perto de 200 Km que separam a capital, Thimphoo da fronteira, por aquela estrada que serpenteia através dos Himalaias, nalguns locais muito estreita e em que a altitude sobe até perto dos 2500 metros.

Na vila da fronteira decidi ir almoçar antes de carimbar o passaporte a caí na tentação de pedir uma pasta com legumes à italiana. É um erro que não volto a cometer, por mais farto que esteja de comer galinha com arroz, pedir um prato que não faz parte da alimentação habitual dum país. Trouxeram-me uma mistela de massas diferentes que pareciam ser restos de clientes de há largos meses. Era picante não sei se por tempero se por estar estragado, mas passadas duas horas, já chegado ao Lodge da selva onde tinha deixado dois dos meus sacos a caminho do Butão, estava com uma intoxicação alimentar. Felizmente não cheguei a vomitar, dormi bem e no dia seguinte estava um pouco melhor.

Para piorar a situação ao chegar ao Lodge fui picado no pescoço por uma abelha de um grupo que tinham montado ninho na recepção. Consegui tirar o ferrão mas hoje está um pouco inchado.

Arranquei às dez da manhã por uma boa estrada, alcatroada há pouco tempo, através da floresta rumo a sul, a caminho do Bangladesh. Tinha percorrido pouco mais de três quilómetros e rodava a 110, 120 Km/h quando por pouco não atropelei um trabalhador das obras que atravessou a estrada sem me ver aproximar.

Passados uns quilómetros apanhei um “speed bump” à entrada de uma ponte, dos que por aqui têm sem aviso. Só o vi muito perto e nesses casos não podemos travar forte para não passar o peso da moto todo para a roda da frente. Limitei-me a pôr-me de pé e agarrar bem o volante. Senti a suspensão da frente bater no fundo e a moto foi uns dois ou três metros pelo ar. Muita pancada tem levado esta “CrossTourer”.

Não tinha percorrido cem quilómetros quando, depois de ter parado para tirar uma fotografia a um grupo de macacos que atravessava a estrada, vi um letreiro a anunciar “Buxa Tiger Reserve Lodge”. Seria desta que conseguia ver um tigre no seu habitat?

Entrei pelo desvio mas, como todas estas Lodge de floresta na Índia, o local tinha um aspecto entre o abandonado e o maltratado e acabei por me instalar num hotel na aldeia com melhor aspecto e tentar marcar um safari. Depois de falar com várias pessoas que me enviaram de um lado para o outro ainda não consegui nada. Amanhã vou fazer uma última tentativa antes de arrancar para a fronteira com o Bangladesh, a menos de 100 Km de distancia.

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*Francisco Sande e Castro está a dar a volta ao mundo de moto e M24 publica o seu diário de bordo. Acompanhe-o nesta grande aventura

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