Assim, mal pisaram solo italiano, no porto de Livorno, os Topolino, a versão Fiat dos quadriciclos elétricos Citroën Ami e Opel Rocks, foram apreendidos pela polícia italiana, criando, assim, um problema para o Grupo Stellantis.
UM TOTAL DE 134 UNIDADES DO TOPOLINO FORAM SELADOS: 119 FIAT TOPOLINOS E 15 FIAT TOPOLINO DOLCEVITA
Estas atitudes do governo italiano têm respaldo no Código Penal, mas são uma espécie de retaliação a que o governo de direita radical liderado por Giorgia Meloni está a recorrer devido à decisão do fabricante de levar a produção destes modelos para a Polónia.

A acusação tem por base a violação da lei “Made in Italy” (350/2003), e em particular o artigo 4º parágrafo 49, sendo um crime punido pelo artigo 517 do código penal, que diz respeito à “importação e exportação para fins de comercialização ou comercialização ou prática de atos que visem inequivocamente a comercialização de produtos que contenham indicações de origem falsas ou enganosas”.
Numa nota divulgada após a notícia da apreensão, a Stellantis anunciou que tinha declarado regularmente desde o início que o local de produção era em Marrocos. “O autocolante em questão – afirma o grupo – tinha como único objetivo indicar a origem empresarial do produto”.A polémica bandeira de Itália no Topolino encontra-se no exterior do veículo: é um filete tricolor (verde, branco e vermelho), num extremo das portas.
Por enquanto, a Stellantis explicou como irá atuar em Itália: “Em qualquer caso, para resolver todos os problemas – escreve a empresa – foi decidido intervir nos veículos apreendidos com a remoção dos pequenos autocolantes sujeitos a autorização das autoridades”. E esses os adesivos tricolores do Topolino – especifica a empresa – não serão mais aplicados nos veículos que saem das fábricas marroquinas.
O governo italiano fez saber informalmente que “a ação do governo não é contra a Stellantis mas sim contra a sonoridade italiana”, ou seja, a utilização de referências que possam levar o consumidor a acreditar que está a adquirir um produto fabricado em Itália, mesmo que tenha sido fabricado no estrangeiro. Pelo mesmo princípio regulatório, há semanas a empresa chinesa Xiaomi foi impedida de chamar ao carro chinês SU7 de “Modena”.
A Xiaomi esclareceu oficialmente que o nome do seu veículo elétrico é Xiaomi SU7 e que Modena representa apenas o nome interno de um projeto, bem como o identificador da arquitetura da plataforma ‘Xiaomi EV Modena Architecture’. A empresa sublinhou, portanto, que não pretende usar o nome Modena para campanhas de marketing globais indicado como o nome do automóvel, lembrando também que sempre se comprometeu a cumprir todos os regulamentos europeus e italianos aplicáveis, incluindo o regulamento sobre a proteção das indicações geográficas.
Uma pergunta em jeito de provocação: será que o próximo alvo do governo italiano será o nome Fiat, já que significa “Fabbrica Italiana Automobili Torino”?