Já foi marca de velas de motores, ganhou as corridas mais importantes do mundo, (na Fórmula 1, em Indianápolis e na Targa Florio), e assinou alguns dos mais belos Grande Turismo dos anos 50 e 60. Quanto aos anos 80, prefere esquecê-los (quem não?). Quanto à vida pessoal, casou e descasou com a Citroën, com a De Tomaso e com a Ferrari, teve um filho bastardo com a Chrysler e agora é, merecidamente, protagonista do Grupo Stellantis, se não nas vendas, pelo menos no luxo e requinte dos seus automóveis.
O mais admirável é que a vida de altos e baixos a tornou a mais resiliente das marcas de luxo italianas. É preciso aderir aos motores a gasóleo? Vamos a isso. Eletrificação? Estamos prontos. Não há pudor na luta pela relevância, o que é admirável.
O estatuto de nobreza ganho nas corridas dos anos 20, 30 e 50 não impedem a marca de se reinventar, sempre sem deixa o público indiferente. Foi a primeira marca de prestígio a participar ativamente na Fórmula E, por exemplo, um feito corajoso para uma marca que sempre foi considerada uma referência na qualidade dos seus motores de combustão, sobretudo os V8 e os V6. E agora, é também um dos primeiros construtores do seu segmento a apresentar uma gama de veículos 100% elétricos. Este artigo é sobre o Grecale e o próximo será sobre o GranTurismo.
Maserati Grecale Folgore
O Grecale é um SUV do segmento D, que partilha a plataforma com o Alfa Romeo Stelvio. Foi lançado em 2022, com motores de quatro e seis cilindros turbocomprimidos. A versão 100% elétrica, designada por Folgore, que quer dizer “raio”, chega agora ao mercado português. Está equipada com dois motores, com potência máxima combinada de 410 kW (557 cv) e 820 Nm de binário. Tem uma bateria de 105 kWh, com 96 kWh utilizáveis, responsável por 676 kg das 2,5 toneladas de peso.
O seu sistema elétrico é de 400 Volts e tem um alcance anunciado de 500 km com uma carga, no ciclo WLTP. Tem um carregador embarcado de 11 kW e aceita carregamento rápido com potência de até 150 kW.Acelera dos 0 aos 100 km/h em 4,1 segundos e dos 0 aos 200 km/h em 16,1 segundos, com uma velocidade máxima de 220 km/h. Tem uma suspensão pneumática que se adapta a diferentes tipos de utilização, variando entre um modo económico designado Max Range, o modo standard, que se chama GT, o modo Sport e modo Off Road. Há variações de potência disponível, mas também da resposta ao acelerador, amortecimento e também a altura ao solo, que são bastante perceptíveis.
O interior é bastante refinado o que, aliado à suspensão mais complacente, sobretudo no modo GT, torna a vida a bordo bastante simpática. O interface digital é responsivo, permitindo fácil integração com Apple CarPlay e Android Auto.
Ao volante do Grecale Folgore
Não há muito a apontar a este modelo, que me pareceu bastante equilibrado. Confortável, com excelente isolamento acústico, torna-se bastante mais focado quando passamos para o modo Sport. Aqui temos acesso à potência total e a suspensão fica mais firme, permitindo um comportamento muito mais preciso. Com esta seleção, a resposta ao acelerador é bastante rápida e, apesar do peso elevado, o Grecale Folgore revela uma desenvoltura competente nos percursos mais sinuosos, com uma preciosa ajuda pelos poderosos travões, absolutamente indispensáveis num automóvel com estas características. Apesar de curto, o contacto ao volante deu muito boas indicações sobre este Maserati SUV com zero emissões locais.
O seu preço em começa um pouco abaixo dos €117.000, um valor contextualizado pelo preço do modelo de entrada de gama, o Grecale GT, com motor de quatro cilindros e 300 cv, que custa €103.000