M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
Uma boa maneira de vermos se gostamos de um carro é pelos cavalos de potência. Mas se a ideia do automóvel era substituir os cavalos, porquê usar uma medida tão arcaica? Já ninguém usa cavalos, afinal. Mas como é que se sabe quantos cavalos era preciso para ter a força de uma máquina?
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

Na verdade, não existe nenhuma medição chamada “cavalos”. O termo correto é “cavalos-vapor”, significando a relação entre a força produzida por cavalos e a força produzida por uma máquina a vapor. Mas toda a gente diz cavalos para abreviar. Até aí não faz mal. Convencer os primeiros industriais a substituir a força dos cavalos pela força dos cavalos-vapor já precisou de mais trabalho.

A máquina a vapor de James Watt foi a primeira do género a conseguir produzir movimento uniforme contínuo, em 1781. Para calcular a capacidade da sua máquina, comparou o trabalho feito por cavalos a puxar uma roda de moinho e depois fez o mesmo com a sua máquina, fazendo cálculos a partir daí, e determinando que um cavalo gerava 33.000 libra-pés por minuto.

Mas na Europa, no Século XIX, passou a usar-se o sistema métrico, e foi necessário redefinir o cavalo-vapor. Na Alemanha, chegou-se à conclusão que um cavalo gerava 75 quilogramas de força por minuto. A tradução entre medidas imperiais e o sistema métrico significa que o cavalo alemão era ligeiramente mais fraco que o cavalo de Watt. Mas também não faz mal, porque a diferença não era muito grande e os concorrentes de Watt já diziam que ele tinha sido muito generoso com o cavalo.

Quando James Watt foi homenageado com a sua própria unidade de medida de energia, o Watt, em 1882, esta foi definida como um Joule de energia gerado por segundo. O cavalo-vapor foi então definido como 745 W nos países de língua ingles e como 735 W no sistema métrico. Quando os motores de combustão interna, usados em carros a partir de 1885, entraram em cena, a sua potência também era medida em cavalos.

Foi só com a evolução tecnológica que a diferença passou a ser evidente. Por exemplo, no Século XIX, um motor seria medido com 2 cv em ambos os sistemas, mas agora um carro com motor de 200 cv nos Estados Unidos tem, na Europa, 203 cv. Para terminar, o cavalo-vapor já só é usado por tradição, já que não é considerado uma medida oficial. O Sistema Internacional de Medidas, criado em 1972 para estandardizar as medições em todo o mundo, define o Watt como unidade oficial para medir potência. É por isso que estas também são divulgadas em kW.

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