M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
A NASA, agência espacial norte-americana, recebeu uma ordem específica da administração presidencial de Donald Trump: colocar um humano no planeta Marte até 2033. A nova lei, conhecida como “Ato de Autorização para Transição da NASA”, foi aprovada no Congresso, e é acompanhada de uma data limite de 1 de dezembro para apresentar um plano concreto para o fazer. Até lá, a NASA já tem ordens para intensificar as suas operações de modo a tornar os Estados Unidos independentes no acesso ao espaço sideral.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

Em particular, o governo americano vai continuar a colaborar com a Estação Espacial Internacional, mas exige que seja a NASA a assumir a responsabilidade do transporte de astronautas americanos à Estação, algo que já não era possível desde o encerramento do programa do vaivém espacial, o Space Shuttle. A lei também pretende assegurar a atualização dos sistemas de comunicação em órbita.

Mas a parte mais interessante é que há um subtítulo da lei que lida especificamente com as instruções para ir a Marte. A exploração espacial por parte de astronautas da NASA foi interrompida com a redução orçamental que ditou o final das missões Apollo à Lua, e chegou a estar parada com o desastre do vaivém Challenger de 1986. As missões mais recentes para fora da órbita terrestre foram feitas por aparelhos controlados remotamente, como as sondas enviadas a Marte.

O governo americano definiu até 2033 a data limite para o lançamento de uma missão humana a Marte, exigindo nos próximos quatro meses a definição de um orçamento específico para esta missão, bem como um estudo independente do equipamento necessário para o fazer. É também exigida uma maior intervenção na exploração do espaço lunar, e uma preocupação em assegurar mais investigação científica em Europa, a maior lua do planeta gasoso Júpiter, onde há alta possibilidade de se encontrar vida orgânica.

O problema agora será assegurar o orçamento para esta ampliação das atividades da NASA. Ajustado para inflação, o orçamento anual é inferior a metade do que foi gasto nos anos de 1965, 1966 e 1967, quando teve lugar a primeira missão à Lua, e para 2017 este vai ser aumentado apenas dos 19,3 para os 19,5 mil milhões de dólares (18,2 mil milhões de euros). A nova lei da NASA tem vários parágrafos onde se fala explicitamente em “custos reduzidos”.

Neil DeGrasse Tyson, astrónomo ativo na comunicação científica e autor da versão mais recente do programa televisivo “Cosmos”, é o defensor constante da necessidade de aumentar o orçamento da NASA, afirmando que este corresponde apenas a 0,1 por cento do orçamento do estado americano.