Os números mais recentes das vendas de automóveis elétricos em Portugal demonstram um crescimento sustentando, o que significa que a marcha da eletrificação continua a acelerar a bom ritmo no nosso país, apesar dos obstáculos ainda por ultrapassar. Caso de alguns mitos associados à tecnologia que importa esclarecer. A bateria de um carro elétrico fica viciada? Quanto dura? Será que pode explodir? Os especialistas da Mobi.E respondem:
A bateria de um carro elétrico fica viciada? De acordo com os técnicos da empresa que gere a rede pública de carregamento em Portugal, como qualquer outro automóvel, os modelos elétricos também se desgastam ao longo dos anos. No entanto, as baterias são otimizadas para não perderem capacidade e, atualmente, a sua longevidade ultrapassa mais de 10 anos sem que esse rendimento seja muito diminuído.
Também é verdade que a idade média de um veículo ligeiro de passageiros em Portugal é muito superior (atingiu os 13,5 anos, em 2021, segundo dados da ACAP). Mas o “prazo” de 10 anos para as baterias apenas significa que é provável a perde de capacidade após esse período, sendo perfeitamente possível a utilização continuada do veículo elétrico por mais anos e sem sobressaltos.
Também a DECO considera que, na atual geração de carros elétricos, é pouco provável que precise de substituir as baterias. Estudo realizado em 2021 pela Associação de Defesa do Consumidor concluía que «o mais previsível é que as baterias consigam durar tanto como o veículo no seu todo. E, depois do período de garantia, é expectável que o consumidor conte com autonomia e capacidade de carga suficientes para as viagens».
O mesmo levantamento revelava que a maioria das marcas aplica uma garantia de oito anos ou 160 mil quilómetros a uma bateria com capacidade mínima de 70 por cento. Mas marcas como a Toyota e a Lexus já oferecem uma extensão de dez anos, ou um milhão de quilómetros, face a defeitos funcionais da bateria e degradação da capacidade abaixo dos 70%: basta ao cliente seguir o plano recomendado.Carregamentos preventivos
Todavia, só a utilização cuidada permitirá alcançar esse objetivo. Convém não esquecer que à semelhança de qualquer aparelho eletrónico com uma bateria de iões de lítio – caso do smartphone –, as baterias dos veículos elétricos devem ser mantidas numa faixa de carga intermédia. Tê-las com excesso de carga é prejudicial (acima de 80%), da mesma forma que é negativo deixar o nível de carga baixar em demasia (a menos de 20% ou 25% e mais ainda uma descarga completa das células de iões de lítio que acelera a degradação da bateria).
Quando, ao estacionar um EV e for previsível que ele vá ficar um longo tempo parado, procure que a bateria tenha meia carga – um nível a rondar os 50% ou 60%.
Essa quantidade dá margem para acomodar uma lenta diminuição da capacidade de energia que venha a surgir e permite que um pequeno carregamento seja suficiente para repor a bateria de novo num patamar confortável.
A faixa de utilização que mais preserva a bateria situa-se entre 20%-80%.
A autonomia dos modelos elétricos é muito baixa: Mito! A autonomia dependerá sempre da gama e do modelo escolhido. Atualmente, a evolução tecnológica permite que existam baterias com uma capacidade de autonomia até 800 quilómetros ou mais, sendo que a média dos modelos mais recentes é superior a 400 quilómetros.
As baterias demoram muito tempo a carregar: O tempo de carregamento depende de vários fatores e já existem postos rápidos nos quais se consegue atingir cerca de 100 km de autonomia com 30 minutos de carga. Nos terminais ultrarrápidos é possível fazê-lo em apenas 5 minutos para a mesma quilometragem. Os sistemas de navegação mais modernos permitem calcular as paragens a efetuar num determinado trajeto, adaptando até as condições da própria bateria (ao nível da temperatura, por exemplo) para o momento do carregamento, diminuindo assim o tempo da operação.
As baterias dos modelos elétricos podem explodir? Como num automóvel a combustão, em circunstâncias excecionais, esse risco poderá ocorrer, nomeadamente num acidente. No entanto, mesmo nesse caso, a situação está devidamente acautelada pela forma como as baterias estão acopladas às carroçarias e pelos inerentes reforços estruturais. Outro facto: um automóvel elétrico não se incendeia com tanta facilidade como um modelo a combustão, até porque as baterias estão equipadas com mecanismos de arrefecimento.
Fonte: Mobie.E, DECO Proteste