Abaixo de zero. Prepare o carro para enfrentar muito frio e neve

20/01/2023

Se circula em regiões em que neva com frequência nesta época do ano, cuidado, as previsões meteorológicas anunciam o inverno mais imprevisível dos últimos anos. Chuva, nevoeiro e muito frio vão passar a oferecer permanentes perigos e ameaças a quem anda na estrada. E com neve, já se sabe, a precaução na condução assume ainda maior importância para a segurança. Apure a técnica de condução sempre que se aventurar na estrada sob condições meteorológicas muito adversas, mas antes siga a nossa lista de recomendações.

Verifique a carga da bateria e o estado dos travões, já que, no primeiro caso, o carro poderá ficar sem energia para o arranque, e no segundo, não assegurará a distância de travagem segura ou a estabilidade necessária em condições precárias de aderência. Verifique o bom funcionamento do sistema de climatização e dos desembaciadores dos vidros. Certifique-se que existe líquido de lavagem suficiente no depósito, e que as escovas do limpa para-brisas estão em bom estado.

Dedique especial atenção aos pneus. Você pode ter o melhor carro do mundo, cheio de eletrónica e sistemas de segurança ativa e passiva, mas se não tiver os pneus em condições de nada lhe serve a poderosa tecnologia automóvel.

Para verificar se os pneus do seu carro não o vão meter em números de patinagem artísitica verifique os sulcos do pneu. Os sulcos são as linhas mais centrais da roda. Uma das funções dos sulcos é, em dias de chuva, expelir a água por debaixo dos pneus, garantindo mais estabilidade na hora da travagem e evitando a tristemente famosa aquaplanagem. Use uma moeda de um euro para meter nesse sulco, se a dobra dourada da moeda desaparecer é porque o pneu ainda está bom, se vir o dourado da moeda, o melhor é ir trocar de pneus.

Pressão baixa

Outro fator a ter em conta quando se circula na neve é a redução da pressão de ar devido às baixas temperaturas e porque o pneu (e o ar nele contido) não atinge valores tão elevados nestas condições. A Michelin sugere: “Se estiver a ajustar a pressão numa garagem onde a temperatura interior é positiva (por ex.: 18 °C) enquanto a temperatura exterior é negativa (por ex.: -2 °C, para uma diferença de 20 °C com a temperatura interior da garagem), adicione 0,2 bar à pressão recomendada pelo fabricante. Este ajuste compensa a diferença entre a temperatura interior mais quente e a temperatura exterior mais fria, assegurando que a pressão dos seus pneus de inverno está bem adaptada à condução no inverno. Se ajustar a pressão dos pneus no exterior, siga o nível de pressão recomendado pelo fabricante”.

Pneus de inverno

Não é porque faz um frio de rachar em Lisboa que vai a correr meter pneus de inverno no carro. Estes são especialmente indicados para países com estações frias muito prolongadas, com neve e gelo abundantes, onde o clima é bem mais rigoroso que o nosso. Todavia, nalgumas regiões de Portugal, a montagem deste tipo de pneu específico é amplamente recomendada. Difere dos pneus convencionais por apresentar uma escultura dos tacos do piso com muito mais lamelas, que funcionam como se esgravatassem a neve e o gelo. O pneu de inverno é também constituído por uma mistura de borracha especial, com sílica, que se adapta melhor a temperaturas muito baixas e permite travagem mais eficaz nestas condições.

Correntes indispensáveis

Obrigatórias em certas estradas quando o piso está gelado, as correntes para a neve garantem a boa motricidade e a estabilidade dos veículos. Se ainda não as tiver, antes de as comprar certifique-se que são adaptadas à dimensão dos pneus do seu carro. Se nunca utilizou correntes, primeiro experimente colocá-las no pneu sobressalente. Nos carros de tração dianteira, instale a corrente de forma standart: coloque-as na roda antes de as fixar com o sistema de gancho já incluído. Logo que deixar de circular em asfalto com neve, retire imediatamente as correntes. Caso contrário, degrada as ‘borrachas’ e a própria corrente.

As correntes de aço ficam corroídas facilmente – necessitam de tratamento com spray de cera, à venda em qualquer loja de acessórios. Não as lubrifique em excesso, as partes de plástico ou as fixações podem ficar danificadas.

Quanto ao tempo de utilização, não existe qualquer limitação (esta informação não dispensa a consulta das instruções de fábrica no equipamento). Em teoria, as correntes estão fabricadas para permitir a sua utilização sempre que circular com neve, independentemente da duração da viagem.

Por último, cumpra a recomendação de não ultrapassar os 50 km/h quando circula com correntes.

Kit de emergência

Não é tradicional estojo de primeiros-socorros (que aliás deve andar sempre no seu carro), mas um conjunto de “ferramentas” que deve levar para viagens longas onde o inverno seja rigoroso. A começar por umas correntes para os pneus, que deve usar apenas em condições extremas de aderência – piso gelado ou neve. Deve também considerar investir numa espátula de borracha para tirar as camadas de gelo do para-brisas (nunca usar água quente, que o vidro pode estalar) e um pequeno martelo para ter no porta-luvas, caso precise de partir o vidro a partir do interior do carro.

Depois deve levar um kit de sobrevivência para o caso do seu carro avariar no alto da Serra da Estrela numa noite de inverno. Uma manta, casacos, luvas e gorros, água e barritas energéticas, uma lanterna, um jerrican e um carregador de isqueiro para o seu telemóvel, são adereços elementares para ter no porta-bagagens do seu carro. Finalmente lembre-se de andar com o depósito cheio, porque nem sempre há uma área de serviço no meio de uma serra perdida.