M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
Alguma fez ficou preso numa fila de trânsito numa autoestrada ou via rápida, e perguntou-se porque é que essa estrada, se tinha tanto trânsito, porque é que não tinha três faixas? A resposta é que isso não resolve nada. Quando uma autoestrada é alargada de duas para três faixas, ou mesmo para quatro, apenas cria mais uma faixa tão congestionada como as anteriores. Mas afinal porque é que o trânsito não acalma?
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

Em 1955, o arquiteto urbanista sumariou numa frase o seu sentimento sobre o alargamento de estradas, afirmando que “pôr mais uma faixa numa autoestrada é o mesmo que alargar o cinto para curar a obesidade”, ou seja, tira-lhe a sensação de estar gordo e vai comer mais para encher novamente a cintura. Em trânsito, a faixa extra apenas incentiva um número de pessoas que normalmente evitariam ficar presas no tráfego a pegar no seu carro e a preencher esta faixa que julgam estar vazia.

O problema não é tanto a circulação de faixas, mas o destino dos condutores. Muitas vezes, o tráfego flui numa direção específica, que não tem sempre o mesmo número de faixas. Neste caso, muitos veículos tentarão sair da autoestrada no mesmo acesso, causando uma acumulação numa faixa, que vai se estender às outras duas faixas à medida que veículos mais lentos tentam escapar para a esquerda e seguir em frente. Ao mesmo tempo, o acesso poderá desembocar numa estrada com perda de prioridade, como um semáforo ou rotunda, causando ainda mais trânsito.

Soluções geralmente passam por desincentivar a entrada nas cidades, seja através de taxas de congestionamento ou do aumento do preço dos bilhetes nos parquímetros. Aumentar a infraestrutura de transportes públicos por si só não chega, esta necessita de ser uma verdadeira mais-valia em termos de tempo para certos membros do público quererem aderir, mas descontos nos bilhetes e passes já são suficientes para convencer o público a pelo menos experimentar.