Carro inundado, o seguro repara?

09/12/2022

Nos últimos anos, fruto da crise e da necessidade de reduzir custos, os portugueses têm optado por contratos com menos garantias. O que valem em caso de cheia ou inundação?

A lei exige para o carro um seguro de responsabilidade civil de 7 750 000 euros para danos a terceiros. Mas convém acautelar outras situações que podem provocar danos graves, como as cheias ou inundações, que não estão protegidas pelas coberturas obrigatórias.

Os seguros contra desastres naturais, como inundação, são apenas opcionais na maioria dos seguros para automóvel, constituindo um prémio adicional. Como extra, e tendo em conta as probabilidades de serem atingidos por um fenómeno deste tipo, a maioria dos portugueses não escolhe este tipo de cobertura. Mas este é precisamente o tipo de incidente que o pode deixar sem arranjo.

Por esse motivo, os especialistas são unânimes: existem cada vez mais intempéries e fenómenos da natureza em Portugal, e só uma proteção mais alargada vai garantir que pode fazer face a imprevistos para os quais não têm disponibilidade financeira.

Seguradora pode pedir provas
De acordo com a DECO, mesmo se tem contratado um seguro que inclui cobertura contra fenómenos naturais, em que se incluem as situações de cheias repentinas, é possível que a seguradora queira investigar se houve negligência da parte do condutor. Se optou por conduzir por uma via interdita ou já totalmente inundada, a cobertura do seguro pode ser invalidada.

Mais: “Pode ser necessário provar junto da seguradora, através de um documento emitido pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que a força do vento e da chuva atingiu os mínimos exigidos”, explica a DECO, lembrando que nos casos mais violentos e mediáticos, não é usual a seguradora pedir esta confirmação.

O que fazer em caso de inundação?
No caso de ser surpreendido num cenário de cheia deve avaliar com todo o cuidado a profundidade da água e a altura do veículo que está a conduzir. Estes dois fatores determinam a probabilidade de entrada de água no carro.

A parte inferior das portas de um típico carro familiar é ligeiramente mais alta do que a parte superior dos passeios nas estradas principais. Para ter a certeza de que a água não entrará no habitáculo, pode continuar a conduzir se os passeios não estiverem completamente submersos. Mais altura de água, já acarreta riscos maiores. Até porque, quando as rodas de um veículo estão submersas, os travões podem não funcionar da melhor forma. Há ainda o risco de entrada de água na entrada de ar, o que poderá causar danos consideráveis no motor. Se a água entrar no sistema de escape, pode danificar o conversor catalítico, o que é dispendioso de substituir. Os veículos elétricos (EV) podem tolerar níveis de água mais elevados porque não têm uma entrada de ar ou um escape. Mas o risco de água entrar no veículo e danificar a cabina e os componentes eletrónicos sensíveis também está presente.

Procure uma saída
Ao conduzir numa estrada submersa, mantenha um ritmo lento e constante. Não levante o pé ou aplique os travões a meio caminho. Isto é para minimizar a turbulência e o refluxo, o que pode causar a entrada de água na mecânica. Poderá querer seguir um veículo maior e mais alto – como um autocarro ou um camião – só para ter a certeza de que está no caminho certo. Se estiver num carro de transmissão manual, mantenha-se na segunda velocidade. Se estiver num automático com a opção de engrenar uma marcha mais baixa, faça o mesmo. Acelere de forma suave e tão fluida quanto possível, uma vez que a travagem e o manuseamento ficarão comprometidos numa estrada inundada.

Apanhado pela cheia
Se o carro parou de vez com água por todos os lados, resista à tentação de reiniciar o carro, uma vez que isto pode causar mais danos. Ligue as luzes de emergência, deixe o seu veículo imobilizado e desloque-se a pé para um terreno mais elevado. A água poderá continuar a subir, e poderá ser difícil abrir a porta quando o veículo estiver meio submerso. Se o nível da água for já muito alto, não arrisque, espere pela ajuda dos bombeiros em pé no tejadilho da própria viatura.