Esta manhã voltou a reunir-se uma multidão à porta do hotel para me verem partir, ainda não eram 9.00h.
Segui pela estrada de ontem a caminho da fronteira com o Butão com a grande vantagem de esta parte da estrada ter muito menos camiões. Depois, à medida que o trânsito diminuía, também o piso ia melhorando. A uns 40 Km da fronteira vi um letreiro a anunciar um Lodge numa reserva animal, no meio da floresta. Entrei para beber uma água e ver como era. Ainda pensei ali ficar dois dias a descansar da “sova” que tinha levado no dia anterior, mas quando me disseram que a época de safaris estava fechada e só abria dentro de dois dias, decidi arrancar.
Na alfândega de saída da Índia perguntaram-me se já tinha o visto para o Butão e quando disse que não, disseram que não me podiam carimbar a saída. O oficial indiano informou-me que teria que tratar pela internet e demoraria 15 dias.
Decidi então ir falar com os homens da alfândega do Butão. Pedi aos guardas que me deixassem passar e expliquei ao chefe da alfândega que não poderia esperar quinze dias. Simpático, mandou-me ir ter com uma agência de viagens do Butão, do outro lado da rua, que não acreditaram que o chefe da Alfândega me tivesse lá enviado. A dona mandou um empregado comigo junto de chefe confirmar a situação e depois disse-me que conseguiria o visto em duas horas. Não se lembrou foi que é feriado no Butão este sábado e segunda pelo que só o terei na terça.
O Butão é supostamente o país onde a população é a mais feliz do mundo. A brochura que me entregaram sobre o país tem mesmo uma frase elucidativa: “A felicidade é um lugar”. Tenho muita curiosidade em saber se sentimos essa felicidade nas ruas. Só que a curiosidade paga-se caro e ali não querem visitantes pobres.O visto custa 40 dólares o que é um valor normal mas, por cada dia que um turista passa no país cobram, logo à entrada, 290 dólares. Sim, 290 dólares americanos. Sabia que havia uma verba a pagar ao redor de 200 dólares mas não pensei que fosse tanto. Viajantes em grupo pagam “só” 250. Tinha ideia de ficar três ou quatro dias mas, tendo em conta o valor, pedi visto só para duas noites. Entro na terça e, quinta feira ao final do dia tenho que estar de saída. Espero que a ideia não pegue noutros países.
A boa notícia é que com esse valor não gastamos mais um tostão. Ele inclui o hotel, a alimentação, entradas em espaços públicos como museus, etc. e até um guia para nos acompanhar, que vou pedir que esteja só nas cidades que vou visitar. Até a gasolina para a moto está incluída no pacote. Não deixa de ser muito caro. Os naturais dos países vizinhos, Índia e Bangladesh, estão isentos deste pagamento para além dos das Maldivas, vá-se lá saber porquê. Provavelmente é onde o rei do Butão costuma ir passar férias.
Lá deixei os 620 dólares com a dona da agência e voltei cerca de 30 Km atrás para o Lodge na floresta, onde me instalei.
Aqui não há internet e para conseguir ver os mails desloquei-me à aldeia mais próxima onde um miúdo tem um “internet café”, com um único e velho computador que me parece estar livre a maior parte do tempo só que, estava há pouco mais de 20 minutos na internet, prestes a mandar uma mensagem à minha filha, quando a eletricidade acabou na aldeia. O miúdo disse que às vezes era só durante 15 minutos, mas como não regressou passada meia hora voltei ao Lodge e tento novamente amanhã.
Nada mau.
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*Francisco Sande e Castro está a dar a volta ao mundo de moto e M24 publica o seu diário de bordo. Acompanhe-o nesta grande aventura
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