No dia seguinte os jornais mostravam carros e casas em cinzas mas a maior parte foi mato, em grandes extensões, como é comum na Austrália.
Tinha acabado de aterrar em Darwin, para o regresso à minha volta ao mundo de moto. Passava pouco das cinco da manhã e decidi ficar uma hora ou duas pelo bar do pequeno aeroporto, à espera que fossem horas decentes para aparecer no hotel que tinha reservado uns dias antes.
Quando finalmente saí para a rua o sol já tinha nascido mas o fumo intenso não deixava ver mais que uns vinte metros à frente. O chofer de táxi considerou o fogo uma banalidade e três ou quatro quilómetros fora daquela zona já podíamos ver o azul do céu com o calor que prometia.
— As praias são boas, por aqui?
— Sim, mas não se pode tomar banho.— Porquê?
— Crocodilos e alforrecas, que se agarram ao corpo e provocam fortes queimaduras.
Nunca tinha ouvido falar em crocodilos de água salgada, mas o homem informou-me que são os piores.
— Bastante maiores que os dos rios e pântanos atingem facilmente os cinco metros e em vez de arrancarem um braço ou uma perna comem a vitima até ao ultimo osso.
— Já ninguém vai nadar mas às vezes andam à pesca, em pé nos barcos e os animais saltam da água para os agarrar.
Darwin é uma cidade pequena, com pouco movimento. É aqui que chegará a moto que, depois de muita insistência minha junto da companhia de navegação timorense, lá foi carregada num contentor transportado por um navio que, a fazer escala em Singapura, há de aqui chegar dentro de uns dez dias. Não me resta mais que aguardar a passear e ler na pequena piscina do hotel.
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*Francisco Sande e Castro está a dar a volta ao mundo de moto e M24 publica o seu diário de bordo. Acompanhe-o nesta grande aventura