Levantou-se vento e o mar estava muito picado, com o enorme e rápido catamaran a levantar voo entre as ondas e o comandante a pedir para ninguém se levantar dos bancos.
A Bounty Island, onde desembarquei, é pequena e o “resort” a única construção existente. De mais fraca qualidade que os outros onde estive antes, fiquei quase acampado. A maioria das cadeiras de praia não tinha colchões, as refeições eram beras, enfim, o que valia era a paisagem selvagem.
Tive que pedir um segundo lençol porque na camarata com beliches só tinha o de baixo e na primeira noite fui atacado por insectos, provavelmente pulgas saídas do cobertor. Acordei num estado lastimável. No dia seguinte foi a vez de uma miúda suiça linda, que dormia ao meu lado, estragar aquela pele maravilhosa. Fazia dó.
Para piorar a situação uma inglesa trintona, que não se calava, decidiu pôr o despertador para as cinco. Pelas oito e meia voltou ao quarto pedir-me desculpa, com a explicação que quis ir ver o nascer do sol.
— O nascer do sol sou eu a acordar, não precisava de sair do quarto, respondi-lhe.No segundo dia acordei com dores nas costas e fui salvo por uma massagista local que me tratou na praia.
Enfim, não se passou muito bem a visita a esta ultima ilha, mas sempre foi bem melhor que ficar em Darwin a pintar grades e jogar golf. Sem haver maneira da moto chegar, arrependi-me de não ter ficado mais dias nestas ilhas fabulosas, mas não podia mudar o voo.
Pelas cinco da tarde dois “locals” levaram-me no pequeno fora de bordo do “resort” a outra pequena ilha, distante de umas três milhas daquela, onde apanhei o catamaran grande para regressar à “main land”. No dia seguinte de manhã tinha o voo de regresso à Austrália.
Marquei cama no mesmo sítio onde tinha ficado quando da chegada a Nadi. Na recepção disseram-me que só tinha outra pessoa no quarto. Quando lá cheguei não queria acreditar. Era a “minha” gorducha australiana que estava tal e qual como a tinha deixado nove dias antes, deitada na cama a ver filmes no computador. Talvez um pouco mais gorda.
___________________________________________________________________
*Francisco Sande e Castro está a dar a volta ao mundo de moto e M24 publica o seu diário de bordo. Acompanhe-o nesta grande aventura
ler + em Volta ao Mundo em Crosstourer