As estradas são de uma via para cada lado com grandes rectas a perder de vista. Durante o dia não me cruzei com mais de meia dúzia de carros e outros tantos camiões, a que eles chamam “road trains” e que, por levarem quatro ou cinco reboques, chegam a atingir mais de 50 metros de comprimento, algo impensável na Europa onde o limite são 17.
Uns cinquenta quilómetros antes de Kakadu Park vi um sinal a indicar passeios de barco para ver crocodilos e fui até lá por uma estrada de terra de uns três ou quatro quilómetros.
Duas raparigas, uma aborígena e uma branca exploravam o negócio mas disseram-me que só me poderiam levar se aparecessem mais clientes. Acabaram por chegar três casais de jovens australianos e lá fomos rio acima num barco a motor. Foi um espetáculo extraordinário. Uma das mulheres trazia um isco de carne que colocava na ponta de uma cana e fazia os crocodilos saltarem fora de água para o tentarem apanhar, por vezes com reflexos tão rápidos que ela não tinha tempo de levantar a cana. Quando vimos um maior, de uns bons cinco metros, elas encaminharam-no para a margem com o isco para o observarmos melhor. Impressionante. Tinha uma das patas de trás cortada pela metade que disseram terá sido arrancada por outro crocodilo.
Depois daquele passeio sensacional de uma hora rio acima e em que vimos uns sete ou oito crocodilos voltei à moto e segui caminho para o parque.
Aqui as distâncias parecem curtas no mapa mas, quando cheguei ao primeiro parque de campismo, tinha percorrido mais de 300 Km desde a saída de Litchfield ParkPelo caminho ainda almocei num dos poucos restaurantes de beira de estrada que se encontram. A maior parte do tempo roda-se durante muitas dezenas de quilómetros sem ver qualquer veículo, construção ou vivalma.
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*Francisco Sande e Castro está a dar a volta ao mundo de moto e M24 publica o seu diário de bordo. Acompanhe-o nesta grande aventura
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