Um máquina de lavar que parece um Rolls

19/12/2016

Ontem fiquei por Ankara. Não só a recuperar fisicamente, porque quando caí em Istambul abri o pulso e ontem mal conseguia carregar na embraiagem, mas também porque era domingo e queria passar no Consulado do Irão.
Entretanto de momento estou sem fotografias pois o i-phone com que as estava a tirar pifou. Passei num agente da Apple mas não conseguiram fazer nada. Dizem ser um problema de hardware.
Ankara, embora seja a capital, é uma cidade mais pequena que Istambul, não só em área mas também em população, com cerca de um terço dos habitantes de Istambul.

Em Istambul ainda se vêm algumas scooters e 125’s mas aqui é raríssimo passar por outra moto ou scooter. Tanto numa cidade como noutra os turcos não só vivem com a mão na buzina como estão sempre a furar o trânsito à procura do mais ínfimo espaço onde caiba o carro. Tratam as motos da mesma forma que os outros veículos, de maneira que tenho que andar com enorme atenção ao que se passa à volta, mas sem deixar de acompanhar o ritmo do trânsito. Tenho a sensação que, se abrando, me passam ferro.
As temperaturas do ar têm grandes oscilações. Fiz a viagem para Ankara debaixo de chuva e com temperaturas que chegaram a baixar até aos 3º. Ontem também estava frio na rua, talvez uns 7 ou 8 graus mas quando arranquei hoje, por volta das onze da manhã, o termómetro da moto marcava 23º e estava um dia lindo. Mal saí da cidade a temperatura baixou para 17º e quando aqui cheguei a Yozgat já estava nos 11º.
Fiz cerca de 200 Km primeiro numa via rápida para depois entrar numa parte do país onde a paisagem é muito árida, um planalto com muito pouca vegetação. O trânsito por aqui é muito reduzido e não se encontra ninguém na estrada, nem casas ou outras construções. De vez em quando atravesso pequenas vilas com meia dúzia de casas, uma bomba de gasolina, um café e uma mercearia. Almocei numa delas um pacote de batatas fritas, um pêro e um sumo. Acabei por ficar aqui em Yozgat porque se continuasse a andar só tinha outra a mais 200 Km, onde chegaria já de noite.
Aqui já não há turistas, que só frequentam Istambul e o sul do país, junto ao Mediterrâneo. Os que falam inglês arranham só meia dúzia de palavras e percebem pouco do que digo por isso tenho exercitado muito a minha mímica.
A Turquia é um país que se pode considerar rico. É uma potencia da zona e vive não só do turismo como de uma Industria forte. São um grande construtor naval para além de fabricarem mais carros por ano que os italianos e terem outras indústrias como a de electrodomésticos. Vi uma demonstração de uma máquina de lavar roupa turca num centro comercial e fiquei espantado. Parecia um Rolls em qualidade de construção e suavidade de funcionamento.
Embora seja um país que se pode considerar rico e tenha umas área oito vezes superior à nossa, têm muito menos quilómetros de auto estrada que nós só que eles … fizeram-nas com o dinheiro deles.

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*Francisco Sande e Castro está a dar a volta ao mundo de moto e M24 publica diariamente o seu livro de bordo. Acompanhe-nos nesta grande aventura

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