Vai dar banho ao elefante

25/03/2017

Pelas dez da manhã partimos em direção a Sukhothai onde chegámos ainda a tempo de visitar parte da velha cidade. No início do século XIII Sukhothai foi um próspero reino que muitos consideram ter dado origem à Tailândia. Ficámos a apreciar aquelas ruínas na manhã do dia seguinte, desta vez em bicicletas alugadas.

Da parte da tarde contratámos o Chip, que organiza passeios de bicicleta na região, para darmos uma grande volta pelo campo.

O Chip mostrou-nos como a população de uma pequena aldeia dos arredores, maioritariamente agricultores, montou uma fábrica de móveis num período de seca, em regime de cooperativa, para compensar a falta de trabalho nos campos. Explicou-nos também tudo sobre o cultivo do arroz, mostrando-nos nos campos a diferença entre o que é semeado e o que  é plantado à mão e os vários tipos de arroz que cultivam na região. Por fim, visitamos uma fabrica artesanal de uma espécie de aguardente de arroz, a que chamam whisky de arroz, que funciona só com um casal. Os dois fermentam o arroz para depois  destilarem o mosto em alambiques rudimentares. Produzem uns 100 litros por dia com a mulher a ir provando o produto ao longo das várias fases. Quando a vi fazer várias provas, sem cuspir o liquido, nos 15 minutos que ali estivemos, perguntei ao Chip se ela não chegava bêbada ao fim do dia de trabalho, mas ele disse-me que não, que estava habituada. Deve ficar transtornada é se um dia deixar de beber whisky de arroz.

Na manhã seguinte arrancámos para Chiang Mai. À medida que vamos rodando para Norte a temperatura baixa um pouco, dos 37, 38º para 32,33, tornando-se mais fácil de suportar, e a paisagem é cada vez mais luxuriante, com vegetação densa desde a borda da estrada. A meio caminho parei numa pequena oficina onde me arranjaram uma porca para substituir a que tinha perdido de um dos apoios do pára-brisas.

Chiang Mai é uma cidade grande e tendo um aeroporto, é bastante turística. A primeira impressão foi má e, circulando pelas ruas principais, não encontrava nenhum hotel. Decidi então parar num café onde anunciavam ter internet para procurar um. O trajeto do hotel que escolhi mandava-nos para uma zona de ruas estreitas mais animada e com melhor ambiente. Comecei a apreciar a cidade. Depois de uma hora à procura do hotel que tinha visto na Internet sem o encontrar acabámos por ficar no primeiro decente que nos apareceu. Jantámos numa tasca local, numa esplanada junto à estrada, e no dia seguinte  começamos por visitar um parque de elefantes, onde a Maria esteve a dar banho a um deles. Depois do banho no rio decidiu montar o elefante. Para isso o tratador mandou o elefante baixar-se e ela trepou lá para cima. O pior foi para sair. Por mais que o homem mandasse o elefante baixar-se de novo, o animal não lhe ligava nenhuma e rodopiava com a Maria em cima dele, embora uma corrente atada a uma pata que o tratador segurava com quantas forças tinha, não o deixasse ir longe. Às tantas decidiram tirar o elefante do rio, mas mesmo cá fora ele recusou a baixar-se. Trouxeram então uma cria para junto dele com a intenção de o acalmar, mas acabou por ter que ser outro tratador a saltar para cima de um segundo elefante que se pôs ao lado daquele passando a Maria (a minha filha) de um para o outro.

Depois desse episódio caricato que já tinha toda uma plateia de público e tratadores a assistir, cada um a dar a sua opinião, presenciamos um “show” extraordinário onde elefantes jogavam futebol e pintavam quadros com um pincel na tromba, de uma perfeição impressionante. Por fim demos um passeio de elefante de uma hora pela floresta. Muito animada, a ida ao parque dos elefantes.

Nesse dia ainda fomos a um parque de tigres onde tiramos fotografias junto às feras. Estes não pareciam estar drogados, como o de três dias antes, mas simplesmente bem amestrados.

Ao fim do dia ainda subimos à montanha mais alta de Chiang Mai para visitar o principal templo da cidade. A estrada até ao alto da montanha era espetacular com curvas e contracurvas de vários raios em bom piso. Já perto do cimo encontramos um grupo de uns vinte motociclistas que me contaram encontrarem-se ali todos os fins de tarde só pelo gozo de subirem e descerem aquela estrada.

O templo Budista era dos melhores e mais bem arranjados que já tenho visto e tivemos a sorte de chegar a uma hora onde começou uma reza dirigida por um “Master Buda” perante quem os miúdos budistas se ajoelhavam à sua passagem. Fantástico.

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*Francisco Sande e Castro está a dar a volta ao mundo de moto e M24 publica o seu diário de bordo. Acompanhe-o nesta grande aventura

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