Já depois do jantar no evento de apresentação da mais recente geração dos smart fortwo e forfour, que decorreu em Barcelona, em 2014, o ambiente descontraiu-se no restaurante. As vozes soltavam-se entre os diversos grupos de jornalistas e no meu telemóvel ia-se acompanhando em tempo real o desenrolar da partida para a Liga dos Campeões entre o Sporting e o Schalke 04. Uma partida que terminou 4-2 para a equipa portuguesa, registe-se.
Aproximando-se o evento do seu término, aproximou-se da mesa dos jornalistas portugueses uma mulher já nos seus cinquentas, esbelta e sorridente, que quis saber as primeiras impressões relativas aos novos citadinos da marca alemã. Positivos, os primeiros relatos dos portugueses apenas aumentaram o sorriso da mulher que, num momento de distração à passagem de um empregado, entornou uma boa parte do copo de vinho na roupa e no chão.
Sem qualquer tipo de demora, depressa agarrou nos guardanapos que estavam na mesa e começou a limpar o líquido entornado. Ainda não estávamos bem certos de que era Annette Winkler, CEO da smart, mas obtivemos a confirmação pouco depois. E ali estava ela, a responsável máxima pela marca, a conviver animadamente com os jornalistas e a limpar o chão despreocupadamente, quando poderia ter deixado essa tarefa para outros. Uma demonstração de simplicidade e de desenvoltura, concretizada depois com a continuação da conversa e, no dia seguinte, procurando sempre saber as opiniões dos condutores de ocasião dos seus novos modelos. Foi sob a sua gestão que a marca do grupo Daimler se orientou rumo à mobilidade elétrica a 100%, com os modelos do próximo ano a serem inteiramente elétricos.
Annette Winkler deixou recentemente o seu cargo na smart, mas a marca não regressou para as mãos de um homem. Ficou entregue a Katrin Adt, que terá como missão dar continuidade à transformação da marca do grupo Daimler na grande era da eletrificação e digitalização.
Mais recentemente, uma vez mais num evento internacional, a conversa com o representante de comunicação nacional do Grupo PSA é entrecortada por mais uma mulher, de baixa estatura e cabelo curto. Mete conversa e trocamos impressões de forma animada. Apenas uns segundos mais tarde me apercebo de que estou a falar com a CEO da Citroën, Linda Jackson, também ela responsável por liderar a marca francesa para um patamar de sucesso não só na Europa, mas também noutros mercados.
Mas não é só em cargos de gestão que as mulheres dão cartas. Na Lexus, por exemplo, há três modelos que têm mão feminina: o CT 200h, o UX e o novo ES, os dois primeiros por Chika Kako, que foi a engenheira-chefe, e o último por Marianne Merkt, uma brasileira a residir há largos anos na Europa e que assumiu o cargo de gestora de produto daquela berlina de luxo, pela primeira vez no Velho Continente.
Estes exemplos são bem elucidativos de que o meio automóvel está bem longe de ser apenas e só um feudo de homens. A realidade mostra, cada vez mais, um ambiente em que as mulheres vão chegando a posições de topo nas marcas, havendo competência e sabedoria para o cargo que exercem. São também ‘elas’ que cada vez mais orientam a questão de compra de automóvel, pelo que as marcas lhes dedicam grande atenção. Um novo ambiente que, por certo, não mais se irá alterar.
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