Quando em janeiro de 2014 entrou em vigor o novo Código da Estrada, concedendo novos direitos aos ciclistas – que passaram a ser equiparados aos veículos motorizados –, um estudo da Rede Portuguesa para o Desenvolvimento do Território concluiu que impor um seguro obrigatório “iria diminuir o número de utilizadores de bicicletas”, segundo as palavras do seu presidente, Rogério Gomes. Que decisão admirável, sobretudo tendo em conta que o dito estudo teve a participação da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta, PSP, GNR e Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária…
Para uma sã convivência entre bicicletas e automóveis na via pública convém haver ordem e, acima de tudo, respeito mútuo – até porque muitos ciclistas também são automobilistas. Mas para haver essa sã convivência também convém haver regras preto-no-branco, sem lugar a dúvidas ou incoerências. E esse ónus está do lado das autoridades.
Não se trata de validar o egocentrismo de alguns automobilistas, nem tão pouco de dar cobro à arrogância de alguns ciclistas, mas havendo a possibilidade de acidente, faz todo o sentido que todos os veículos não-motorizados tenham pelo menos seguro de responsabilidade civil obrigatório. Porque, como se diz em bom Português, ou há moral, ou comem todos…