O Salão de Genebra não é o único evento cancelado. O pânico propaga-se mais depressa do que a epidemia. E não tem fronteiras. Sente-se no ar o desnorte. Várias apresentações automóveis internacionais adiadas ou simplesmente canceladas confirmam o diagnóstico.
A Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA), pela voz do seu diretor-geral, Adão Ferreira, também já manifestou a sua preocupação. Legítima. Basta pensar que a suspensão das linhas de produção, na China, tem graves reflexos no fornecimento de componentes para a indústria automóvel, penalizando fortemente não apenas a sua produção, como o próprio aftermarket nacional, um tecido (ainda) saudável dentro da nossa economia. O adiamento da expoMECÂNICA, o maior evento do pós-venda, em Portugal, (260 expositores, provenientes de nove países) para junho, é exemplo disso mesmo.
Perante um cenário de grande imprevisibilidade, os fabricantes tentam improvisar. Literal e virtualmente. Foi o caso da Bentley que se preparava para revelar ao mundo o Bacalar, investindo (ou gastando) uma fortuna no evento. O vírus obrigou-o a levar os jornalistas para uma pequena road trip por Londres e Escócia – com direito a prova de whisky caseiro. O resto da comunicação social assistiu à conferência de imprensa em life streamnig. “Foi uma das grandes lições de versatilidade que vimos em muito tempo”, admitiu Erin Brinner, diretor de Comunicação da Bentley, citado pelo Bloomberg.
O Coronavírus passará, mas os seus efeitos deixarão marcas permanentes na forma como a indústria se movimenta. Desde a sua criação, em 1905, o Salão de Genebra resistiu a tudo. Só falhou uma edição durante a Segunda Guerra Mundial. Parecia imune. Não era.