Descobrir o troço mais selvagem do Tejo com um livro que traça a rota

27/07/2018

Há quatro décadas que comecei a viajar. Comecei por conhecer Portugal. A paixão pelos ralis levou-me a aventurar-me pelas estradas florestais de todos os recantos, desde o Minho ao Algarve. De mochila às costas, atravessei vezes sem conta o País à boleia, por vezes de comboio ou de autocarro e, quando já não havia outra solução, gastei as solas a caminhar. Com 17 anos já estava nos quadros da redacção do Motor, o grande jornal de automóveis que acompanhou toda a minha adolescência. Com os primeiros ordenados, comprei o primeiro automóvel, antes mesmo de poder tirar a carta de condução. Não resisti a esperar esse momento e comecei a usá-lo cada vez mais frequentemente. Tanto, que até me esqueci que precisava de carta, até que a paragem numa operação stop da PSP me lembrou disso. Consegui escapar sem ser multado e dois dias depois já estava a tirar a carta de condução.

Passei à primeira, até porque o “engenheiro”, como era costume tratar o examinador, era meu leitor e percebeu, pelos vícios, que eu já guiava habitualmente. Fiz exame no dia de saída do jornal, já estava no Autosport. E tive de esperar que o “engenheiro” acabasse de ler uma reportagem escrita por mim, antes de irmos passear os dois por Lisboa, absolutamente esquecidos que era um exame de condução.

Já nessa altura fazia “road-books”. Ou a versão primária deles. Entre Janeiro e finais de Fevereiro, passava dias a fio a descobrir os melhores caminhos que podiam orientar os leitores aos troços do Rali de Portugal, que então estava no auge e fazia parar o País durante uma semana. O guia publicado pelo AutoSport era uma referência e ano após ano procurávamos ir cada vez mais longe na informação disponibilizada, sobretudo para permitir acompanhar a prova nos melhores locais.

Entretanto, o todo terreno nascia como actividade e os “road-books” eram-me já tão familiares quanto andar a percorrer caminhos poeirentos. Até me fazia confusão que para isso já não podia era, como antes fazia, no meu “velho” Renault 16, mas sim num jipe. Comecei por usar imensos os jipes da UMM, mas nunca tive nenhum meu. Eram rijos como cornos, perfeitos para passear sozinho, pois o ruído a bordo nem sequer permitia a menor conversa. E como eram vagarosos, se ia para longe, tinha de sair de véspera. Habituei-me a andar sozinho no campo, como nos primeiros ralis, em que ia descobrir este mundo, como espectador.

Mas já sentia a herança dos guias do Rali de Portugal e o prazer de partilhar itinerários que descobria. Comecei a publicar os primeiros “road-books” em 1989, na revista Aventura, que editava com José Megre. Em 1995, o desafio foi mais longe e a Land Rover propôs-me reunir num livro uma selecção de itinerários que permitissem dar a volta a Portugal em todo terreno. O livro era quadrado, para caber no porta-luvas dos Land Rover. Hoje, salvo raras excepções, esses itinerários já não são transitáveis. E o livro é uma raridade que nem aparece nos alfarrabistas.

Quase três décadas depois dos primeiros “road-books”, associei-me à Dacia para desenvolver um novo projecto: as Rotas Todo Terreno Dacia Duster Grandes Rios de Portugal. Trata-se de um conjunto de nove livros, três por cada rio, do Tejo ao Douro, passando pelo Guadiana, que propõem itinerários inéditos em todo terreno que se diferenciam dos primeiros, dos idos anos de 1980 e 1990, por não requerem o uso de um 4×4, muitos menos um todo terreno “puro e duro”. Além de isentos de dificuldades, estes itinerários, que reflectem três anos de aturados reconhecimentos e mais de 60 mil quilómetros percorridos, são transitáveis mesmo com mau tempo e por um SUV de tracção simples, como o Dacia Duster 4×2 que utilizámos! E não há quilómetros em vão: cada caminho oferece sempre múltiplos encantos…

A colecção estreou-se com o primeiro volume das Rotas Todo Terreno Dacia Duster no Tejo. Com um itinerário de 163,9 quilómetros desde a Alcántara, ainda em Espanha, até Vila Velha do Ródão, o percurso deste livro mostra um dos tesouros mais escondidos do nosso património natural: o sector mais selvagem do Tejo, que coincide com o troço internacional, em que o rio corre com Espanha na margem esquerda e Portugal na direita. Antes do “road-book”, com todas as indicações detalhadas, há que ler um texto que situa o viajante nos cenários e alerta para os aspectos mais interessantes e curiosos.

Publicado pela Evasão Edições, o primeiro volume das Rotas Todo Terreno Dacia Duster Grandes Rios de Portugal/Tejo Internacional custa 15,00 euros e a comercialização é exclusiva por encomendas online. Para mais informações, é enviar uma mensagem para [email protected].