Distanciamento social também deve ser aplicado na estrada

25/05/2020

Fala-se de um novo normal no país, mas também no mundo, como resultado evidente da pandemia de Covid-19. Esse novo normal – que não está mais longe daquilo que entendíamos como normalidade na nossa vida quotidiana – ordena que se ande de máscara nos transportes públicos e em espaços fechados como forma de proteção, mas também que se guarde uma distância de segurança para o próximo.

Num país tão dado a afetos e ao calor do temperamento do Sul da Europa essa medida até tem sido cumprida com precisão por uma vasta maioria dos portugueses, mas parece que muitos dos condutores, fresquinhos de saírem das suas casas onde estiveram confinados durante algumas semanas (ou meses), já encontraram uma forma de compensar essa ausência de proximidade com o seu vizinho – ao volante do seu carro.

Parece evidente que as forças da autoridade terão de reforçar a sua atitude pedagógica para tornar a atividade da condução mais segura, já que o novo coronavírus parece evidenciar um outro sintoma a juntar àqueles listados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) – paragens cerebrais na condução.

Em resultado disso, uma das atitudes mais comuns dos portugueses no pré-Covid apenas ficou pior, que é a circulação na via do meio de uma autoestrada ou estrada com mais de duas vias. Neste novo normal (prometo que é a última vez que uso a expressão aqui), muitos condutores escolhem a via do meio como a sua preferencial para seguir viagem, por vezes com velocidades bem abaixo daquilo que é o permitido, quando à sua direita está uma completamente deserta.

Mas talvez a pior seja mesmo a atitude irritantemente comum do ‘tailgating’, ou seja, o ato de circular praticamente colado ao veículo da frente, num ato que visa colocar alguma pressão sobre esse, para que, das duas uma: ou saia da frente ou ande mais depressa. O distanciamento social não é apenas exigível nos nossos relacionamentos diários, mas também na estrada, onde o efeito de uma má abordagem de proximidade ao veículo da frente, pode ter péssimos resultados para ambas as partes. E isto é ainda pior quando se circula numa estrada urbana ou de carácter similar, onde pode ser necessário travar com urgência por qualquer necessidade.

Parece incrível que em pleno 2020 – na era das grandes tribulações da pandemia – continuemos nisto. Ou que se continue a tentar adivinhar o que o outro condutor vai fazer numa rotunda, já que muitos ainda ignoram o chamado ‘pisca’ (não o da popular música portuguesa).

Lembrem-se lá que um pouco de distância nunca fez mal a ninguém…