A verdade é que as motos desportivas fora de pista, o seu habitat natural, não são muito confortáveis. Ao fim de alguns quilómetros a andar em estrada estamos com dores nos pulsos, nas costas e no pescoço. Talvez por isso o público se tenha afastado um pouco da oferta dentro desta gama.
Atenta ao mercado, a Ducati criou uma moto que está, simultaneamente, à vontade em pista durante um “track day”, no trânsito citadino ou numa viagem de 280 kms, que é mais ou menos a autonomia que o depósito de 16 litros nos dá. Tudo isto é possível graças à brilhante ergonomia conseguida pelos engenheiros da marca. Com pormenores estéticos a fazerem lembrar a “irmã mais crescida” Panigale, estamos perante um modelo com um design que não dececiona, sendo ou não fã da marca.
Fugindo à tendência do mercado, mas ainda assim mantendo-se fiel ao que é importante numa moto que se pretende usar todos os dias, temos um motor testatretta com 937cc, e 110cv. Pode parecer pouco, se compararmos com a oferta disponível dentro da mesma cilindrada, mas a verdade é que em 1994 a Ducati 916, era a superdesportiva de topo da marca, tinha apenas cerca de 114cv, e não se deixava conduzir de forma tão dócil.
Para nos ajudar existem três mapas de motor: sport, touring, urban, e mais oito níveis de controlo de tração. Na versão S, a condução é mais confortável graças às suspensões Öhlins completamente ajustáveis, e ao quickshifter bidirecional, que dispensa o uso da embraiagem, exceto no arranque. A caixa de velocidades seria ótima, não fosse por vezes, a necessidade de encontrar o ponto neutro, uma tarefa complicada. Comum aos dois modelos são os travões Brembo com pinças radiais monobloco e ABS Bosch de última geração.
Por mais apelativos que pareçam, 160cv numa moto, em princípio, será sempre muita potência para se tirar partido dela, sem o receio que uma “surpresa” estrague a viagem. Com a Supersport, esse receio dissipa-se logo nos primeiros quilómetros percorridos. Com uma potência à escala humana, podemos concentrar-nos em escolher uma estrada, de preferência com curvas, e aproveitar a dinâmica do conjunto, como um verdadeiro “Jedi” das duas rodas.Mais: design, vidro regulável, suspensões, quickshifter, acessórios disponíveis.
Menos: caixa de velocidades, espelhos.
O capacete usado no ensaio foi um Nexx XR2 Acid, www.nexx-helmets.com
Preço: Vermelho 14.495 euros; Branco 14.695 euros
Motor: bicilíndrico em V a 90 graus com 937cc
Potência: 110cv
Caixa: 6 velocidades com quickshifter bidirecional
Peso a seco: 183 kg