1. Que o WLTP vai encarecer muito os preços dos carros novos à venda em Portugal. O Executivo bem tentou encontrar uma forma de proceder a uma neutralização fiscal devido à entrada em vigor do novo ciclo de medição de emissões e consumos WLTP, mas um dos resultados práticos será o do aumento dos automóveis com emissões que passam a ser mais elevadas e, com isso, colocados num patamar fiscal mais alto. Nalguns casos, na ordem dos milhares de euros.
2. Que a luta de classes (nas portagens) está em fase de armistício. Eram cada vez mais os automóveis ligeiros de passageiros que eram classificados como onerosos Classe 2 nas portagens. O que se tornava cada vez mais injusto quantos mais SUV se começaram a ver nas estradas, cuja altura no eixo dianteiro, medida à vertical, era superior a 1,10 m. Agora, em 2019, o Governo procede a uma atualização para maior justiça. Não é perfeita. Mas é um começo.
3. Que as numerosas restrições que muitos países vão impondo, sobretudo, no caso dos Diesel, parecem ditar a condenação dos motores convencionais. Além disso, as normas de emissões anti-poluição também vão apertar, pelo que os motores elétricos e híbridos vão ganhar cada vez mais espaço.
4. Que a notícia da morte dos motores de combustão “é manifestamente exageradas”. A frase foi adaptada de uma dita por Mark Twain, quando anunciaram a sua morte antes de estar morto, mas no caso dos motores térmicos parece ser este o caso igualmente. São muitas as vozes que clamam a sua morte, mas há também muitos que trabalham na sua evolução e na sua ‘limpeza’, nomeadamente, entre os construtores automóveis. E a margem de evolução ainda é interessante, até porque podem existir em adaptação para os sistemas híbridos.
5. Que os elétricos e híbridos vão ganhar peso. São cada vez mais numerosos os veículos elétricos em desenvolvimento por parte das marcas (Mercedes-Benz, Audi, BMW, Volkswagen, Jaguar, Honda, Hyundai, etc), chegando ao mercado dentro de alguns anos. A autonomia é assunto que está a ser resolvido, sendo que a performance já está assegurada. Mas os elétricos continuam ainda a ter alguns constrangimentos, sobretudo em matéria de carregamento público.
6. Que a eletricidade deixou de ser gratuita. Até 31 de outubro, os carregamentos de veículos elétricos na rede pública eram gratuitos, mas desde 1 de novembro passaram a ser pagos, obrigando a contrato com operadores. Em meados de 2019 também os postos de carga lenta – ou normal – passarão a ser pagos.
7. Que os nomes de sucesso também dizem adeus e não deixam legado. O Fiat Punto deixou as linhas de produção depois de 25 anos de fiéis serviços, deixando na estante de troféus da marca italiana diversos galardões de carro do ano e outros prémios ao longo dos anos. Ultrapassado pelos novos tempos, o utilitário cessou a sua produção e não deixou sucessor.
8. Que o fenómeno SUV é mesmo global e transversal a todas as marcas. As variantes são cada vez mais e diferenciadas. Depois das marcas mais generalistas e Premium, é a vez das companhias de luxo e de requinte: Lamborghini, Bentley, Rolls-Royce, Jaguar e até a Ferrari cederam à ‘febre’ SUV, com a marca de Maranello a guardar a sua entrada no segmento para um par de anos.
9. Que o panorama automóvel perdeu bastante com o desaparecimento de Sergio Marchionne. De opiniões fortes e polémicas, o grande estratega da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) deixou o seu plano a meio, nomeadamente no ressurgimento da Alfa Romeo. Fica o legado e a obra, nomeadamente no retorno da Fiat a um lugar de destaque na Europa.
10. Que o parque automóvel português está cada vez mais envelhecido e que essa luta contra as emissões está a ser perdida. Um dos entraves para a redução das emissões poluentes no caso português está na dificuldade de aquisição de um automóvel mais recente e mais ‘amigo’ do ambiente. Aliás, de acordo com dados recentes da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), referentes a 2007, a idade média do parque circulante automóvel (ligeiro de passageiros) era de 12,6 anos, valor nunca antes visto no nosso país. Ou seja, estamos mais perto de um país de Leste do que do Ocidente.
11. Que o setor automóvel é um importante biberão do Estado. Aqui, não há nenhuma novidade, mas uma confirmação. Portagens que fazem com que circular em Portugal seja extremamente dispendioso – como é que um bilhete de avião de Lisboa ao Porto pode ser mais barato do que viajar pela autoestrada A1? –, preços altos dos combustíveis, impostos e taxas que apenas encarecem a opção automóvel…
(Tony Dias/Global Imagens)
12. Que a segurança rodoviária nas nossas estradas já foi melhor. Mais do que repressão por ação de policiamento e radares a pulular como cogumelos, seria importante começar pela área da formação – um ensino de condução realmente didático, que ensine modos de condução defensiva, atendendo a todos os outros utentes da via. Que nos ensine que o mais importante de cada viagem é chegar ao destino.
Com o ano de 2018 atrás de nós, é o momento certo para olhar para o que aí vem, mas não sem antes deitar um olho ao que se passou de relevante nestes 365 dias. Com efeito, este último ano trouxe-nos muitos ensinamentos, a todos os que gostamos de automóveis, mas também a quem só os usa por necessidade ou desapego absoluto.
Esta é mais uma crónica dentre as muitas que, usualmente, fazem o balanço do ano. Nem sempre as escolhas são unânimes, mas são pontos de vista. E no lugar do condutor é sempre mais fácil observar o que ficou para trás pelo espelho retrovisor.
Então, afinal, o que é que ficámos a saber em 2018? Veja na galeria e partilhe a sua opinião!
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