Numa época com diversas novidades em termos de regulamento, é expectável que o Campeonato de Portugal de Montanha JC Group seja um dos mais concorridos e diversificados do panorama nacional, com um lote de pilotos com provas dadas e um parque automóvel que consegue rivalizar com alguns dos melhores campeonatos de Montanha da Europa.
Como já é tradição, o CPM arrancou na Rampa da Penha (40.ª edição), sob a organização do Demoporto, contando com uma lista de 49 inscritos, 43 dos quais no escalão principal e seis na Rampa Regional.
As previsões meteorológicas de chuva e nevoeiro confirmaram-se nos dois dias do evento, levando mesmo à anulação de grande parte do programa previsto para sábado, obrigando a que as três subidas de prova fossem totalmente disputadas no domingo, algo que, ainda assim, não provocou atrasos significativos no programa inicial.
No sábado, a única subida de treinos (warm- up) mostrou que os carros de tração integral teriam vantagem no piso molhado, com o bicampeão nacional da (antiga) Categoria 4, Manuel Correia, a impor o poderio do Ford Fiesta R5+ com motor de 2.0 litros. Seguiram-se mais três veículos 4×4: o Fiesta R5 de João Barros, piloto de ralis que deverá disputar algumas provas de Montanha este ano, o Subaru Impreza (530 cv) de Hugo Araújo, piloto que venceu por duas vezes o troféu Super Seven by KIA na Velocidade, e o Citroën DS3 R5 de Luís Silva.
No domingo, João Barros e Manuel Correia conseguiram os melhores registos absolutos na subida de treinos cronometrados numa altura em que a chuva e o nevoeiro ainda dificultavam – e muito – a tarefa dos melhores Protótipos e GT.Rui Ramalho, campeão absoluto em 2017, começou a mostrar o verdadeiro potencial do Osella PA2000 Evo2 na primeira subida ‘a sério’, impondo depois um andamento superior assim que o asfalto começou a secar. Sendo o mais rápido nas três subidas oficiais, o piloto do Porto começou o ano com uma vitória difícil mas saborosa, provando que é mesmo o grande favorito ao título absoluto.
“Nunca tinha corrido com o Osella à chuva e, felizmente, conseguimos encontrar um bom set up logo à primeira tentativa. Poderia perfeitamente ter sido 2.º mas claro que esta é a melhor forma de começar o ano”, referiu Rui Ramalho, que triunfou com 1,782s de vantagem sobre João Barros.
O piloto de Paredes, que depois de ter sido campeão nacional no Karting e de ter passado os últimos anos a discutir os pódios e as vitórias no ‘Nacional’ de Ralis, provou que também pode ser competitivo na Montanha, sendo o piloto que andou mais próximo da barchetta de Rui Ramalho.
João Barros venceu a categoria Turismos na frente de Manuel Correia, que mostrou grande eficácia no piso escorregadio mas que sofreu uma quebra na caixa de velocidades do Fiesta R5+ quando fazia uma derradeira tentativa na terceira e última subida de prova.
O top-5 da geral ficou completo com outro R5 vindo dos ralis, o Citroën DS3 de Luís Silva, que também aproveitou a tração integral na sua estreia absoluta ao volante do carro francês.
Duelo ao centésimo nos GT
Nos GT, o campeão em título José Correia teve naturais dificuldades em colocar no chão a potência no Nissan GT-R Nismo GT3, deixando a luta pela vitória para os também espetaculares Porsche 997 GT3 Cup de Gonçalo Manahu e Adruzilo Lopes. Curiosamente, o ex-campeão nacional de Ralis chegou à Penha com pneus demasiado duros para estas condições e só ‘acertou’ o seu andamento quando Manahu, num ato de desportivismo, lhe emprestou um jogo de pneus.
Ainda assim, o portuense conseguiu suster o ataque final de Adruzilo Lopes e venceu a batalha dos GT com escassos 0,050s de vantagem sobre o piloto de Regilde, que regressou assim à Montanha, a modalidade onde conseguiu a sua primeira vitória em 1987.
Refira-se que a categoria Protótipos ficou reduzida a dois carros no sábado, devido a um aparatoso despiste do Juno de Hélder Silva, que obrigou à interrupção do programa.
Entre os TCR, Luís Nunes conseguiu colocar o seu Audi RS3 LMS muito próximo do top-10 da geral, dois lugares na frente do outro Audi RS3 LMS em prova, pilotado por Gustavo Moura. Entre ambos ficou o espetacular Nissan de José Correia, seguido pelo Renault Clio R3 de Parcídio Summavielle, e pelo SEAT Léon Cup Racer do campeão em título dos Turismos, Joaquim Teixeira, que não contou com os pneus mais indicados nesta estreia com o carro espanhol.
Refira-se ainda que o piloto e advogado José Pedro Gomes levou o seu Ford Escort Mk2 à vitória no Campeonato de Portugal de Clássicos de Montanha, ficando, na classificação geral, logo na frente do bicampeão nacional absoluto, Paulo Ramalho, que assistiu à vitória do seu irmão nesta Rampa da Penha.
O ‘Nacional’ de Montanha vai manter-se na região do Minho para a segunda prova da temporada, a famosa Rampa Internacional da Falperra, agendada para o fim de semana de 11 a 13 de maio.
Fotos: Zoom Motorsport, Foto GTI e Pedro Ferreira
