Montalegre: Bruno Famin confirma Peugeot no Ralicrosse até 2023

28/04/2018

Sebastien Loeb é a grande referência da Peugeot no Ralicrosse
Bruno Famin, diretor técnico da Peugeot Sport, conhece como poucos todas as disciplinas do desporto automóvel. Desde Le Mans e, naturalmente, do WEC ao Dakar, WRC e WRX, passando pelas rampas e circuitos, o francês tem conhecimento profundo do desporto automóvel.

Entrou para os quadros da então Peugeot Talbot Sport, em 1989, e hoje dirige a equipa da marca francesa num campeonato FIA que conheceu enorme desenvolvimento nos últimos anos.

«Hoje, toda a estrutura dos 208 WRX é da Peugeot Sport, que manteve no seio da equipa a família Hansen, ou seja, o pai (Kenneth), a mãe e os filhos Timmy e Kevin. É a primeira época em que tal acontece. Esta é a mesma estrutura que esteve no Dakar», revelou aquele responsável em Montalegre, palco da segunda prova do Campeonato do Mundo de Ralicrosse (World RX).

A referida alteração na organização, que permitiu maior envolvimento da marca francesa, possibilitou outro tipo de trabalho em termos de desenvolvimento do 208 WRX. «O carro é praticamente idêntico ao do passado, mas esta temporada estamos a tentar torná-lo mais fácil de pilotar. A disponibilidade do binário máximo surgir mais cedo é uma das melhorias, mais há mais desenvolvimentos a serem feitos em França que serão introduzidos no decorrer do campeonato. Talvez lá mais para meio da época estejamos mais competitivos e próximos da Volkswagen», adiantou Bruno Famin.

Para o responsável gaulês, o Polo R é a atual referência no mundo do ralicrosse. «Admito que a Volkswagen tenha o melhor carro da atualidade», acrescentou, referindo que tal poderio «pode ficar a dever-se ao investimento feito pela marca durante muitos anos no WRC».

Quanto aos progressos feitos por Sébastien Loeb no ralicrosse, Famin confessou não ter ficado surpreendido e adiantou:

«Sabia que Loeb era muito rápido e logo que tenha à disposição um carro mais competitivo, tenho a certeza que será um piloto vencedor também no ralicrosse.»

Quanto à adaptação da Peugeot Sport, que faz deslocar um efetivo de 45 pessoas para cada jornada do WRX, Famin referiu que «a mentalidade dos mecânicos tem de ser bastante diferente no ralicrosse, em que há apenas cinco minutos de intervalo entre a meia-final e a final. Muitos deles já estiveram nas corridas de resistência, nos ralis e no Dakar. Aliás, há três meses estávamos nas dunas do Dakar, onde ganhámos pelo terceiro ano consecutivo. Os tempos de intervenção nos carros variam e torna-se necessário adaptar o trabalho e o ritmo ao maior ou menor grau de stress».

A marca do leão vai continuar no WRX pelo menos mais cinco anos, adiantou Bruno Famin:

«A Peugeot tem um compromisso com o WRX até 2023, ou seja, para as primeiras quatro épocas da era elétrica. Os elétricos vão chegar em 2020, o que deverá ser oficializado em breve. Aguardamos a divulgação do respetivo regulamento técnico para podermos começar a trabalhar no projeto».

Bruno Famin é o responsável máximo da Peugeot Sport

Parece inevitável que a aposta no WRX afasta um eventual regresso da Peugeot a Le Mans e ao WEC. Para Bruno Famin, a aposta no WRX tem plena justificação com a estratégia da marca e um dos motivos prende-se com o facto de «Sébastien Loeb, Ken Block, Petter Solberg e Mattias Ekström conseguirem atrair mais interesse e espetadores que todos os pilotos do Mundial de Ralis juntos».

Parece, assim, evidente que a Peugeot continuará a investir forte no Mundial de Ralicrosse.